O “favorecimento” em licitações já virou rotina entre grandes empresários e políticos do Estado. Seja no interior ou até mesmo na capital, a prática nem sempre ilegal, mas considerada imoral, norteia uma série de contratos firmados entre o poder público e empresários no Amazonas. Em Manaus, por exemplo, um contrato bilionário teria beneficiado, supostamente, o empresário Cyro Batará Anunciação, dono de empresas do grupo Diário do Amazonas. Isso porque, o empresário teria usado um “laranja” para consegui firmar um contrato de R$ 1,3 bilhão com a Prefeitura de Manaus em dezembro 2020.
O contrato em questão, foi firmado com a empresa Amazon Watt S.A., CNPJ -12.552.895/0001-56, quando a mesma tinha como proprietário um empresário identificado como Leandro Gagliardi de Almeida Barreto, que seria braço direito de Cyro Batará, e Flavia Jamilla Pereira Ramos, como conselheira de administração da empresa.
Leandro, de acordo com fontes, teria comprado a empresa em 2018, que à época era apenas um pequeno restaurante no município de Presidente Figueiredo, possivelmente, a mando de Cyro, que já almejava usar o empreendimento para fins licitatórios.
O que teria ocorrido em dezembro de 2020, ainda na gestão de Gagliardi, quando a empresa, já com o nome, endereço e atividades econômicas modificadas, ganhou a concorrência Nº 007/2020 – CML/PM para “implantação, operação e manutenção de miniusinas fotovoltaicas para geração de energia distribuída às unidades consumidoras da Prefeitura de Manaus”.
Veja documento:
Particularidade
O contrato, que foi firmado ainda na gestão do ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), tem vigência de 27 anos, já que foi feito na modalidade de concessão. O que, na teoria, não justificaria o fato de um empresário, após adquirir a concessão de um contrato bilionário, passar a empresa, meses depois para outra pessoa. O que ocorreu no caso, já que “coincidentemente” Leandro Gagliardi abriu mão do acordo bilionário e entregou o controle total da empresa para Cyro Batará, que assumiu a mesma ainda em 2021. O que evidencia ainda mais as intenções já premeditadas de Batará no contrato.
Além disso, o galpão onde fica sediada a empresa, na rua Constelação de Gêmeos, nº 169, galpão 10, bairro Aleixo, na zona Centro-Sul de Manaus – conforme o site da Receita Federal, pertence ao pai de Cyro, o também empresário Cassiano Anunciação.
Veja documento:
Contrato em vigência
Ao que se sabe, os feitos, relacionados ao contrato entre a Amazon Watt S.A e a Prefeitura de Manaus, até o ano passado, ainda não tinha saído do papel. Isso porque a atual gestão, ao comando do prefeito David Almeida (Avante), chegou a cogitar que o município não tinha interesse no prosseguimento do acordo.
Entretanto, em março deste ano, após o Executivo Municipal enviou para a Câmara Municipal de Manaus (CMM) o Projeto de Lei Nº 055/2022 que previa a autorização por parte da administração municipal a realizar a concessão de serviços de implantação, operação e manutenção de miniusinas fotovoltaicas para geração de energia distribuída às unidades consumidoras da Prefeitura da cidade. Sistema já previsto no serviço de concessão, mais ainda não executado, já que precisaria de uma lei especifica sobre o assunto.
A proposta foi aprovada na CMM, em regime de urgência, no último dia 23 de março. Conforme informações de bastidores, a aprovação da lei na CMM já era dada como certa, uma vez que Cyro Batará, “concomitantemente”, tem contratos firmados com a Casa Legislativa, por meio de outras empresas de sua propriedade, há anos.
Um dos contratos foi, inclusive, prorrogado pelo presidente da CMM, vereador David Reis (Avante), por mais 12 meses, em fevereiro deste ano. O contrato N° 025/2018, no valor global de R$ 2,9 milhões com a empresa Amazonas Produtora Cinematográfica Ltda, a TV Diário, também do empresário Cyro Batará Anunciação, tem como objetivo “prestação de serviço de locação de toda infraestrutura necessária dos sistemas de transmissão, irradiação, estúdio, torre, abrigo, climatização e energia para difundir o sinal de Rádio Câmara de Manaus na frequência de 105,5 MHz, decorrente do Pregão Presencial Nº 016/2018.” Só por esse contrato, feito ainda em 2018, a empresa já faturou da CMM mais de R$ 10 milhões.
- Fonte: O Convergente
- Foto: Divulgação