A nota técnica “Abertura e expansão de ramais em quatro municípios sob influência da rodovia BR-319”, do Observatório da BR-319, apontou que a expansão da rede de estradas não oficiais, conhecidas como ramais, ao Sul da rodovia BR-319, no Amazonas, tem pressionado unidades de conservação como parques nacionais e terras indígenas.
O estudo analisou a dinâmica de abertura e expansão de ramais ativos em 2021 em quatro municípios localizados ao Sul da rodovia: Canutama, Humaitá, Manicoré e Tapauá. Eles apresentam altos índices de desmatamento e são conhecidos por integrarem a região do “Arco do Desmatamento”.
O mapeamento de ramais identificou três regiões onde existem um adensamento maior de ramais, nos municípios analisados. “Um deles [adensamentos] é mais relacionado ao Distrito de Realidade, em Humaitá, que pressiona pelo menos três unidades de conservação. Inclusive um desses ramais já invadiu os limites da Floresta Estadual Tapauá”, explicou a coordenadora.
“Um outro adensamento de ramais também fica na região que pressiona as áreas protegidas do Parque Nacional do Mapinguari e a Terra Indígena Jacareúba/Katawixi, que possui indícios de indígenas em isolamento voluntário, e está sem proteção legal desde dezembro de 2021. Uma terceira região é na área de influência do distrito de Santo Antônio do Matupi, na BR-230, que pressiona diversas áreas protegidas, incluindo três terras indígenas: TI Tenharim/Marmelos, Tenharim/Marmelos Gleba B e Sepoti”, acrescentou Guarido.
A coordenadora da nota técnica do BR-319 e pesquisadora do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), Paula Guarido, pontuou que os ramais são geralmente construídos para garantir acesso à população a serviços como saúde, educação e até mesmo a outras estradas, mas que as regiões precisam ser melhor monitoradas. “Essas estradas são construídas em locais de baixa governança socioambiental, também podem se tornar vetores de atividades ilegais”, acrescentou.
*Com informações da Agencia Cenarium
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