Hoje, a Ilha Redonda, a maior do Arquipélago das Cagarras, é das fragatas e dos atobás. Mas, no passado, já foi dos índios que habitavam o litoral carioca.
Um sítio arqueológico foi descoberto em meio à Mata Atlântica pelas equipes do Ilhas do Rio, que há 10 anos estuda o Monumento Natural (Mona) Cagarras, protegido por lei federal. Cerâmicas dos povos tupi-guarani estão até hoje espalhadas pelo arquipélago, hoje quase desabitado.
“É uma espécie de tesouro”, disse Leonardo Waisman, arqueólogo do Museu Nacional e do Ilhas do Rio. “São pedaços de vasilhas, provavelmente vasilhas muito grandes, que as populações indígenas que dominavam toda essa costa antes do século 16 traziam para cá”, emendou.
As Cagarras abrigam atualmente mais de 600 espécies de animais e plantas, algumas raras, endêmicas e inéditas para a ciência. Os pesquisadores estimam haver, só na Ilha Redonda, cinco mil fragatas — fazendo do Mona um dos maiores ninhais da espécie do Atlântico do Sul.
A Redonda fica a 9 km da Praia de Ipanema e não tem nenhuma área plana, muito menos praias. O desembarque tem que ser a nado, e todo o material precisa ser rebocado dentro de bombonas — cestos que podem ser tampados — para que não molhe.
Em terra firme, tudo é inclinado. Em vários trechos é necessário usar cordas de escalada. Também é preciso ter cuidado com o cocô das aves, que deixam o chão escorregadio e tingem a ilha de branco — as manchas são vistas até do continente.
Júlia Luz, coordenadora da pesquisa de mamíferos terrestres, conseguiu capturar um “morcego bioindicador”. “Essa espécie é um sinal de uma área bem preservada”, explicou.
Confira fotos da expedição:
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