A direção da Polícia Federal exonerou o delegado Bruno Calandrini do setor responsável por investigar políticos com foro privilegiado. Calandrini comanda o inquérito que investiga um suposto balcão de negócios em troca de propinas no Ministério da Educação (MEC) e que resultou na prisão do ex-ministro Milton Ribeiro na semana passada.
Ele seguirá presidindo essa investigação, segundo a PF, mas deixa o cargo que ocupava na Coordenação de Inquérito nos Tribunais Superiores para ser nomeado na Unidade Especial de Investigação de Crimes Cibernéticos. Ainda de acordo com a direção da PF, a mudança de cargo atende a um pedido do próprio delegado, que teria sido feito por ele em maio deste ano e estaria sendo atendido agora.
“Após tratativas iniciadas ainda no mês de maio do corrente ano, no dia 15/6/2022 houve a movimentação formal do DPF Calandrini para a DRCC/CGFAZ/DICOR/PF, onde irá coordenar a Unidade Especial de Investigação de Crimes Cibernéticos – UEICC, presidindo trabalhos investigativos sensíveis daquela unidade”, diz nota divulgada pela PF nesta terça-feira (28/6), sobre a troca.
“O próprio servidor manifestou interesse (ainda no mês de maio) em ser movimentado para a nova unidade, para onde irá apenas no mês de julho, permanecendo na presidência da Op. Acesso Pago (IPL do MEC) e outros inquéritos da CINQ/CGRCR/DICOR/PF”, diz ainda o texto.
Denúncia de interferência
Após a deflagração da operação que prendeu o ex-ministro da Educação, o delegado Bruno Calandrini enviou mensagem aos colegas de trabalho denunciando interferência da direção em seu trabalho e dando a entender que Milton Ribeiro ganhou tratamento privilegiado.
“O deslocamento de Milton para a carceragem da PF em SP é demonstração de interferência na condução da investigação. Por isso, afirmo não ter autonomia investigativa e administrativa para conduzir o inquérito policial deste caso com independência e segurança institucional”, diz trecho da mensagem do delegado.
A própria PF abriu inquérito para investigar a denúncia de interferência, que foi um dos fatos que motivaram a ida de parte do inquérito para o âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF), já que o presidente Jair Bolsonaro (PL), que só pode ser investigado lá, é apontado pelo Ministério Público Federal como suspeito de ter informado Milton Ribeiro de que ele poderia ser alvo de uma batida policial.
*Metrópoles
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