segunda-feira, outubro 7, 2024

Manaus – ‘Violência contra a criança e ao adolescente’ é o tema do programa ‘Vem Com a Gente’

A psicóloga Katherine Benevides e Rhamilly Amud tiveram um bate-papo com a ativista Amanda Ferreira e Gisele Barros, no programa ‘Vem Com a Gente’ desta quarta-feira (29).

Amanda Ferreira é ativista, fundadora e coordenadora geral do IACAS. Iniciou sua atuação na adolescência, na proteção de crianças e adolescentes em situação de rua, depois com meninos e meninas que cometiam atos infracionais e agora atua no combate a violência e a exploração sexual, com ênfase na exploração sexual.

Foto: Marcus Reis

Gisele Barros é enfermeira, trabalha no Instituto da Mulher Dona Lindu e atua na coordenação do Serviço de Atendimento as Vítimas de Violência Sexual, há 12 anos.

Foto: Marcus Reis

Questionada sobre o que é a violência Amanda respondeu:

“A violência é tudo que fere a dignidade dessa criança ou adolescente. Muitas vezes essa violência começa ao nascer”, iniciou.

Combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes

Divulgado em 2021 pelo Unicef e pelo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Panorama da Violência Letal e Sexual contra Crianças e Adolescentes no Brasil computou 179.277 casos de estupro com vítimas de até 19 anos de 2017 a 2020 – uma média de quase 45 mil por ano. Desse total, um terço eram crianças de até 10 anos. Ainda assim, a exploração e o abuso sexual de crianças e adolescentes seguem como temas tabu na sociedade brasileira.

“A violência é tudo que fere o físico ou o psicológico.  A violência começa  pelo simples direito de ter a vida, direito de se alimentar, de poder ser feliz, o direito de ser criança. Não é um assunto atual, mas é um assunto que começou a ser discutido agora. O Brasil se construiu a total abandono das crianças desse país, pois as crianças indígenas não tinham o direito de serem índios, as crianças negras não tinham o direito de serem negras e tinham de ser aquilo que os colonizadores queriam. […] Nós colocamos as nossas crianças em caixinhas, porque nós queremos que elas sejam como a gente quer. Então as crianças continuam sendo ‘adultos em miniaturas’, porque a gente quer reproduzir esse adulto nas crianças e não dar o direito delas. E essa violência vem se perpetuando, aí ela passa da violência física, para a psicológica e aí vem a violência sexual”, pontuou.

Dados do atendimento a Vítimas de Violência Sexual

“Em 2021, de 131 novos casos 52 vítimas fizeram aborto legal no Instituto da Mulher Dona Lindu. Dessas 52 realizações de procedimento de aborto legal, cerca de 20 a 30% desses números são de crianças e adolescentes.  Nós temos um grande número de crianças e adolescentes buscando abortamento legal, previsto na Lei. Até maio de 2022, nós já fizemos a realização de 20 procedimentos de abortamento, incluindo crianças e adolescente’, informou Gisele Barros.

Por fim, falando sobre o sigilo profissional com relação aos crimes de violência sexual, as entrevistadas pontuaram que:

“O sigilo profissional, tanto dentro da instituição, em caso de crianças de adolescentes, é mantido. Nós temos um prontuário, onde somente a equipe que atende essa vítima diretamente tem acesso, quando ela vai pra assistência, no caso de internação, nós nem deixamos no prontuário dela, caso ela tenha boletim de ocorrência (Não é exigido boletim de ocorrência para esse procedimento do aborto legal, nem autorização judicial. Então a gente não deixa o B.O, não deixa relatório feito antes da internação e nem o protocolo, que é assinado pela vítima ou pelos responsáveis legais pela criança ou adolescente”, informou Gisele.

  • Foto: Marcus Reis

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