Uma jovem alegre, trabalhadora e que queria o melhor para o filho e para a família. É assim que a enfermeira Gilcely Laura Veiga, de 32 anos, é lembrada pela tia Graça Barros. Ela morreu em um acidente de trânsito causado por um influenciador de 24 anos, na madrugada do último domingo (14/8), na avenida Djalma Batista, zona Centro-Sul da capital amazonense.
O suspeito do crime passou por audiência de custódia e o juiz Luis Alberto Nascimento Albuquerque concedeu liberdade provisória sem pagamento de fiança.
Segundo a tia de Gilcely, a jovem estava voltando do trabalho quando sofreu o acidente. A enfermeira adiantava um plantão para poder folgar neste sábado (20/8), onde comemoraria o aniversário de 33 anos. Ela deixa uma criança de três anos e um sentimento de vazio na família, que agora clama por justiça.
“A minha sobrinha era uma menina muito alegre, feliz, trabalhadora, que fazia festa com todo mundo. Era o pai e a mãe do seu filho. Agora, eu me pergunto quem vai suprir as necessidades dessa criança? Quem vai acompanhar, educar, cuidar dessa criança?”, questionou.
Ainda conforme dona Graça, a sobrinha saiu de Manicoré com destino a Manaus aos 17 anos em busca do sonho de ser enfermeira. Deixou tudo para trás para poder dar à família um futuro melhor.
“Ela veio para capital e passou a morar comigo. Saiu daqui para construir a vida dela, trabalhar, mas morava aqui do lado da minha casa”, contou.
A tia conta, ainda, que o filho de Gilcely pergunta toda hora pela mãe. No entanto, a família ainda não contou para a criança que a enfermeira faleceu.
“O pai levou ele, e ele não chegou a ver a mãe. O pai não deixou. E agora ele fica pedindo para o pai ligar para a mãe dele, que ele já quer ir com ela. Ele não sabe de nada, mas eu não sei até que ponto foi bom isso. Me pergunto como é que vai ficar a vida dessa criança, sabe? Ele tem 3 anos, mas é muito inteligente, eu acho que vai ficar difícil explicar pra ele”, disse dona Graça.
Agora, o sentimento é de revolta e a família pede por justiça. Para a tia, o condutor do veículo que bateu na moto onde Gilcely estava não poderia estar solto. O influencer foi solto pela justiça e não pagou fiança. Ele vai responder o processo em liberdade.
“Esse infeliz que cometeu esse ato está lá solto, na casa dele, tomando o uísque dele, assistindo seus filmes favoritos, e a minha sobrinha se foi. A minha indignação é porque ele está solto, sem pagar fiança, sem nada. Fica a revolta, sabe? O desrespeito conosco, com a nossa dor. E ainda está impune”, lamentou a tia.
O corpo de Gilcely saiu de Manaus ainda no domingo, 14 de agosto, e foi levado para Manicoré, onde ocorreu o enterro. O cortejo com o corpo da jovem parou a cidade, segundo a tia. Agora, a preocupação se volta para a família, que segue desolada e em busca de respostas para o crime.
“Meu irmão, o pai dela, tem [mal] de parkinson, tem depressão, pressão alta. Ele está desolado. A mãe dela está desolada. A nossa preocupação agora é com eles. Ela tinha todo cuidado com a medicação dele, mandava o remédio daqui, cuidava deles. E agora, quem vai fazer isso? Quem vai suprir esse falta?”, finalizou.
Portal G1
Fotos: Reprodução | Capa: Neto Ribeiro