sexta-feira, novembro 22, 2024

Mundo – “O clima está louco” – Banco Mundial analisa impacto das mudanças climáticas nos países ALC

No novo relatório do Banco Mundial, foi requisitado que os países da região ALC (América Latina e Caribe) adotem medidas urgentes para ajudar a reduzir os impactos das mudanças climáticas e estabelecer um caminho rumo à transição para economias de baixo carbono.

Segundo o relatório “Roteiro para Ações Climáticas na América Latina e no Caribe: 2021-2025”, os desastres relacionados ao clima, tais como furacões, secas, queimadas e enchentes estão se tornando cada vez mais frequentes e intensos na região e são a causa de enormes perdas econômicas. A América Latina e o Caribe (ALC) estão entre as regiões mais vulneráveis ao poder destrutivo desses eventos, com custos anuais equivalentes a 1% do PIB regional e até 2% em alguns países da América Central devido a interrupções no setor de energia e na infraestrutura de transportes.

Além disso, as mudanças climáticas devem causar impactos negativos na produtividade e nas colheitas de diversos países da região. Isso pode agravar a insegurança alimentar, que aumentou rapidamente durante a pandemia de COVID-19 e afetou mais de 16 milhões de pessoas em toda a região, colocando muitas famílias em risco em 2022 devido à alta da inflação e dos preços dos alimentos. Se não forem tomadas providências, aproximadamente 5,8 milhões de pessoas podem cair na pobreza extrema até 2030 em decorrência das mudanças climáticas, e mais de 17 milhões de pessoas podem ser forçadas a deixar suas casas para escapar dos impactos climáticos até 2050.

“Os países da ALC têm uma oportunidade única de agir rapidamente e liderar a mudança rumo a economias mais resilientes e de baixo carbono que ofereçam um futuro melhor para os seus povos”, disse o vice-presidente do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe, Carlos Felipe Jaramillo.

“O Banco Mundial é parceiro de longa data dos países da região e, como parte do nosso compromisso de longo prazo de alcançar o desenvolvimento sustentável e inclusivo, intensificamos o nosso apoio, e oferecemos aproximadamente 4,7 bilhões de dólares em financiamentos relacionados ao clima no ano passado”.

Emissões

A América Latina e o Caribe são responsáveis por 8% das emissões globais de gases de efeito estufa. O setor agrícola, junto com as mudanças no uso da terra e o desmatamento, responde por 47% das emissões na ALC, ficando bem acima da média global de 19%. A energia, o consumo de eletricidade e os transportes respondem por outros 43% das emissões. O relatório ressalta que as oportunidades nessas áreas tanto para o crescimento econômico quanto para serviços com emissões mais baixas são fundamentais para acelerar a ação climática e promover a transição urgente para economias de baixo carbono a fim de evitar os efeitos irreversíveis das mudanças climáticas.

“Este relatório oferece um roteiro ambicioso e urgente para ações climáticas transformadoras na região, com base nas prioridades e compromissos climáticos dos países e foco na adaptação e resiliência, enquanto apoia os países para que alcancem os seus objetivos de desenvolvimento de baixo carbono,” disse a diretora regional de Desenvolvimento Sustentável para a América Latina e o Caribe, Anna Wellenstein. 

Prioridades

O relatório destaca diversas áreas prioritárias em setores essenciais para ações climáticas novas e aceleradas como manejar paisagens, sistemas agrícolas e alimentares que incluam cadeias produtivas livres de desmatamento; descarbonizar a geração de energia, os sistemas de transporte e manufatura e reduzir as interrupções na infraestrutura; e tornar as cidades mais resilientes aos choques climáticos e reduzir as emissões urbanas.

O relatório também apoia ações transversais que ajudem as populações vulneráveis a se adaptar às mudanças climáticas e alcançar transições justas e equitativas para economias de baixo carbono e promovam o crescimento verde ao reduzir os riscos do setor financeiro e antecipar as transições de mercado.

No exercício financeiro de 2022, o Banco Mundial proveu 4.691 milhões de dólares para ações climáticas na região, em projetos como:

  • Agricultura Sustentável e Resiliente ao Clima (Belize)
  • Conectividade Resiliente e Acessibilidade no Transporte Urbano (Haiti)
  • Financiamento de uma Política de Desenvolvimento Verde e Resiliente (Peru)
  • Segundo crédito para uma Política de Desenvolvimento de Gestão de Risco de Desastres (Honduras)
  • Projeto de Modernização do Transporte Ferroviário de Passageiros da Linha Belgrano Sur (Argentina)

As metas do “Roteiro para Ações Climáticas na América Latina e Caribe: 2021-2025” são baseadas no Plano de Ação para Mudanças Climáticas do Grupo Banco Mundial que reúnem todas as áreas para trabalharem com um vasto leque de parceiros no desenvolvimento de soluções multissetoriais.

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