Mahsa Amini, de 22 anos, enquanto visitava a capital Teerã com a família quando foi detida pela polícia moral do Irã por uso de “roupas inadequadas” na terça-feira, 13/9. Três dias após ser detida, a jovem foi declarada morta em um hospital da capital depois de entrar em coma enquanto estava sob custódia da polícia, causando manifestações massivas que já deixaram ao menos 17 mortos até quinta-feira, 22/9, segundo o balanço oficial do governo — apesar de ONGs de direitos humanos estimarem um número de mortos superior a 30.
Até então não foram esclarecidos os detalhes sobre a detenção e a morte de Mahsa, as versões do governo e dos ativistas são discordantes. No entanto o caso virou um símbolo para os manifestantes que saíram às ruas para exigir o fim do uso obrigatório do hijab pelas mulheres do país e cobrar mais liberdades individuais.
A resposta do governo aos protestos tem sido violenta e criticada por espectadores internacionais. O Alto Comissariado das Nações Unidas sobre Direitos Humanos e a Anistia Internacional denunciaram durante a semana o uso de munição letal e de força excessiva pelas forças de segurança iranianas para conter os atos públicos, enquanto informações do governo central indicam que pelo menos quatro agentes policiais foram mortos a facadas ou por disparos de arma de fogo nos últimos dias.
Quem é Mahsa Amini e como ela morreu?
Mahsa Amini, de 22 anos natural da região do Curdistão, no noroeste do Irã. Ela visitava a capital Teerã com a família quando foi presa pela polícia moral do país por usar “roupas inadequadas” e levada para uma unidade policial na terça-feira, 13/9. Três dias depois, autoridades iranianas informaram que ela morreu em um hospital da capital após entrar em coma enquanto estava sob custódia policial.
Em um comunicado, um dia antes da morte de Mahsa, a polícia de Teerã afirmou que a jovem havia sido detida com outras mulheres para receber “explicações e instruções” sobre o código de vestimenta. e teve um problema cardíaco, sendo transferida ao hospital. No dia em que a morte foi confirmada, a autoridade policial afirmou que “não houve contato físico” entre os agentes e a jovem. No sábado, ministro iraniano do Interior, Ahmad Vahidi, disse que “aparentemente Mahsa tinha problemas prévios de saúde e passou por uma cirurgia no cérebro aos cinco anos”.
A versão oficial foi contestada pela família de Mahsa e por organizações internacionais, o que desencadeou a onda de protestos. O pai da vítima, Amjad Amini, contrariou a fala do ministro do interior, dizendo que a filha estava “em perfeito estado de saúde” antes de ser detida pela polícia. A Anistia Internacional questionou a prisão “arbitrária” da jovem, enquanto o Alto Comissariado das Nações Unidas sobre Direitos Humanos demonstrou preocupação após colher relatos de que ela teria sido supostamente atirada contra uma viatura policial e agredida com o golpe na cabeça.
Após a confirmação da morte de Mahsa, o presidente iraniano Ebrahim Raisi ordenou a abertura de uma investigação pelo ministério do Interior. No começo da semana, o diretor do serviço forense do Teerã declarou que as investigações sobre a morte da mulher estão em andamento, mas levariam três semanas.
Protestos no Irã e no mundo
Informações oficiais do governo iraniano, de ONGs e da imprensa internacional apontam que os primeiros protestos deram início logo após o anúncio da morte de Mahsa, na sexta-feira, 16/9, e continuaram diariamente, de forma constante – uma extensão considerável em um país com pouco espaço para oposição.
Em termos de território, ao menos 15 cidades registraram protestos, espalhados por diversas regiões do país, incluindo Teerã, Mashhad (nordeste), Tabriz (noroeste), Rasht (norte), Isfahan (centro) e Shiraz (sul).
Demonstrações de apoio aos manifestantes iranianos também foram vistas ao redor do mundo, dos Estados Unidos à Turquia. Em um dos protestos mais marcantes fora do território iraniano, mulheres cortaram seus cabelos em frente ao consulado do país em Istambul.
- Fonte: Cenarium
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