O carnaval é de longe uma das festas mais aguardadas entre os brasileiros, principalmente depois de dois anos de pandemia e muitas restrições. No entanto, com a chegada da época da festa carnavalesca, é visto que muitas coisas ainda não mudaram durante esse período, como por exemplo, as marchinhas antigas, que carregam em suas letras machismo e versos preconceituosos.
Em uma pesquisa realizada pelo Escritório Central de Arrecadação a Distribuição (Ecad), foi apontada que as tradicionais marchinhas de carnaval ainda fazem bastante sucesso pelo Brasil durante essa época. Especialistas apontam que o País é repleto de preconceitos, mesmo estando em um século de evolução, e leis constitucionais contra isso. E essas canções acabam legitando atitudes historicamente intolerantes.
Marchinhas que trazem conteúdos sexista, machista, homofóbicos e preconceituosos:
O teu cabelo não nega: Criada em 1929, a letra tem conotação racista, como o trecho: “Mas com a cor não pea, mulata”.
Cabeleira do Zezé: “Olha a cabeleira do Zezé. Será que ele é”?. Marchinha criada na década de 60 reforça o preconceito contra gays
Maria Sapatão: Criada em 1980, a marchinha é homofóbica já que trata tom jacoso a identidade de gênero e orientação sexual
Nega Maluca: A marchinha de 1950 ridiculariza a mulher negr e reforça estereótipos de tom depreciativo
Maria Escandalosa: A letra sexista de 1950 de maneira superficial, valorizando apenas corpo
Índio que apita: De 1961, a marchinha desrespeita os indígenas, além de estereotipa-los como “exóticos”
A época carnavalesca é um momento de diversão e alegria, mas é um espaço para a sociedade perceber qual a temperatura dos preconceitos, mesmo em forma de música. O nível de aceitação desses versos, para que a prática do respeito na sociedade aconteça.
Por: Kalinka Vallença
Ilustração: Marcus Reis