segunda-feira, novembro 25, 2024

Gene recém-descoberto pode inspirar tratamentos para a doença de Chagas

O inseto barbeiro é o transmissor do protozoário Trypanosoma cruzi que causa a doença de Chagas

Uma infecção causada pelo Trypanosoma Cruzi, transmitida pela picada e pelo contato com as fezes do inseto conhecido popularmente como barbeiro.
Há muitos anos a doença de Chagas afeta menos os povos da Amazônia, cientistas descobriram que a explicação estaria na genética, onde populações que habitam a região há séculos passaram por adaptações no DNA.

A geneticista Tábita Hünemeier, do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), conta que os estudos começaram a quatro anos e inicialmente não tinha relação com a Chagas, “queríamos saber se existia algum sinal de seleção natural entre as populações da Amazônia”, lembrou ela.

A descoberta

A pesquisa que foi recém-publicada descreve como o primeiro exemplo nas Américas de seleção natural influenciada por um patógeno entre seres humanos. No mundo, o fenômeno foi apenas observado em quatro circunstâncias. Informou Hünemeier, “também temos o exemplo da tripanossomíase africana, além da peste bubônica e da tuberculose, ambas na Europa”.

Hoje, as mudanças nos genes que conferem ampla proteção contra Chagas são apenas observadas entre os amazônidas, entre os andinos essa doença é considerada endêmica e tem uma alta frequência. De acordo com a geneticista, a adaptação à doença começou há cerca de 7,5 mil anos, ao longo das ondas migratórias que vieram da América Central e povoaram a América do Sul.

Devido a essa resistência maior a Chagas, eles conseguem sobreviver e geraram mais descendentes, esses genes adaptados passaram de geração em geração ao longo dos anos, até hoje.

Esperança

Esses mecanismos renovam as perspectivas para tratamentos modernos contra Chagas, “quando entendemos a base genética de uma doença, fica mais fácil pensar em estratégias terapêuticas diferentes; ao sabermos como o patógeno entras nas células e quais são os mecanismos de resistência, é possível desenvolver e testar soluções novas”, diz Tábita.

Além dos lugares onde a doença é endêmica, surgiu também a preocupação em outras partes do mundo, como a Europa e os Estados Unidos, “precisamos prestar cada vez mais atenção nas doenças tropicais e desenvolver soluções que atendam não apenas os norte-americanos e os europeus, mas principalmente as populações que são historicamente negligenciadas”, conclui a geneticista.


  • Por July Barbosa com informações da BBC.
  • Foto: Divulgação.

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