Os protestos em Paris após um adolescente de 17 anos ser morto em uma abordagem policial continuam. O governo da França disse nesta sexta-feira (30) que vai considerar “todas as opções” para restaurar a ordem, depois que protestos em todo o país se intensificaram durante a noite na última noite tumulto mais destrutivo.
Em todo o país, 249 policiais ficaram feridos nos confrontos, disseram as autoridades. O Ministério do Interior informou que 79 postos policiais foram atacados, assim como 119 prédios públicos, incluindo 34 prefeituras e 28 escolas.
Para o Cientista Político Helso Ribeiro a explicação na revolta da população está na xenofobia.
“O que acontece na França tem raiz muito além do que a morte do rapaz. A França tem um número grande de imigrantes, principalmente da Argélia, Tunísia e Marrocos. E isso gera muitas das vezes um discurso discriminatório, principalmente da extrema direita francesa. O jovem era argelino e isso causou uma revolta”, explicou Helso.
Sem estado de Emergência
O presidente Emmanuel Macron, que até agora descartou decretar estado de emergência, estava a caminho de Paris a partir de Bruxelas depois de deixar uma cúpula da União Europeia mais cedo para participar de uma segunda reunião de crise do gabinete em dois dias.
O governo examinará “todas as opções” para restaurar a ordem, disse a primeira-ministra Elisabeth Borne, chamando a violência de “intolerável e indesculpável” pelo Twitter.
“A prioridade é garantir a unidade nacional e a maneira de fazer isso é restaurar a ordem”, declarou ela a repórteres durante uma visita a um subúrbio de Paris.
A violência explodiu novamente em Marselha, Lyon, Pau, Toulouse e Lille, bem como em partes de Paris, incluindo o subúrbio da classe trabalhadora de Nanterre, onde Nahel M., de 17 anos, descendente de argelinos e marroquinos, foi morto a tiros na terça-feira (27).
Para Helso Ribeiro, a manifestação é válida mas a destruição feita por protestantes é exagerada.
“Em qualquer lugar do mundo isso é inaceitável. Principalmente a destruição de patrimônios públicos. O protesto em si é válido mas queimar e depredar não”, finalizou.
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Texto: Hector Santana, com informações da Reuters
Foto: Yon Valet/EPA