Na ISS, pesquisador estudará como proteger o cérebro de astronautas dos efeitos da microgravidade
O pesquisador Alysson Muotri, da Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD), será o primeiro cientista brasileiro a ir para o espaço, mais especificamente para a Estação Espacial Internacional (a ISS). Muotri é um dos mais respeitados cientistas do mundo em transtornos do desenvolvimento neurológico, principalmente o autismo.
Muotri será considerado o 1º cientista no espaço, já que Marcos Pontes, o primeiro brasileiro, é engenheiro de formação e militar. A previsão da viagem do pesquisador foi anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se reuniu com Muotri, na terça-feira (27).
Minicérebros
Alysson Muotri deve passar cerca 10 dias na ISS executando diversos experimentos com os chamados “minicérebros” que são uma versão reduzida do nosso mais complexo órgão: são formados a partir de “células-tronco pluripotentes”, reprogramadas de células periféricas (sangue, polpa de dente ou pele) do próprio indivíduo seguindo uma complexa receita química.
Os minicérebros não possuem estrutura completa nem consciência, mas simulam de forma simples a organização celular encontrada no cérebro humano. Um dos principais objetivos da pesquisa na ISS é entender os efeitos da microgravidade nesses organoides e, consequentemente, no cérebro dos astronautas.
Em 2019, em colaboração com a Nasa e a Universidade da Califórnia, o pesquisador já tinha enviado minicérebros para o espaço. Com a pesquisa, ele constatou que as células cerebrais envelhecem mais rapidamente nesse ambiente: cerca de 10 anos em um mês.
Como numa viagem muito longa ao espaço, o cérebro human o pode sofrer com as consequências desse desenvolvimento cerebral acelerado. Entender melhor agora como superar essa e outras barreiras, como busca Muotri, é um dos principais desafios para o sucesso da colonização da Lua ou até mesmo de outros planetas.
Mas agora, com sua viagem marcada à ISS no próximo ano, o futuro primeiro cientista brasileiro no espaço conta que busca executar experimentos mais complexos que ajudarão na colonização espacial, descobrindo formas de proteger o cérebro de astronautas dos efeitos da microgravidade.
Muotri disse que ainda não pode dar detalhes da sua preparação para a viagem e de como será o projeto especificamente. Apesar disso, o pesquisador afirma que estão previstas outras idas de sua equipe para a ISS, embora ele mesmo deva ir na primeira missão.
O pesquisador também pretende abrir seleção para levar pesquisas de outros colegas do país para a Estação Espacial Internacional (ISS). O objetivo dele é integrar a ciência do Brasil a essa viagem planejada para 2024.
- Da Redação.
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