O governo publicou na quarta, 12/7, no “Diário Oficial da União”, a relação de pesquisadores e entidades agraciadas com a Ordem Nacional do Mérito Científico. Dentre eles, dois nomes foram de amazonenses, que tiveram seus nomes retirados da lista de condecorados com a Ordem Nacional do Mérito Científico 2021 no governo Bolsonaro, os cientistas Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda e Adele Schwartz Benzaken, da Fiocruz Amazônia.
O presidente Lula, em seu discurso, enalteceu o papel da Ciência e da Tecnologia para o desenvolvimento econômico sustentável do País, e a importância dos pesquisadores nesse contexto. “Retomamos a partir de hoje as reuniões do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, principal fórum de debate com a comunidade científica, e condecoramos algumas das mentes mais brilhantes desse país, porque estamos reunidos aqui para dizermos que chega de obscurantismo, basta de negacionismo, chega de jogar cientistas na fogueira ou aceitar que cientistas como Adele e Marcos tenham suas medalhas tomadas, ela pelo trabalho desenvolvido com homens trans e ele pelo estudo que mostrou a ineficiência da cloroquina”, citou o presidente da República, após a entrega da medalha aos cientistas.
A ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, destacou a necessidade de investimentos em pesquisa para a retomada do desenvolvimento econômico e social do Brasil, do combate à fome, da política de industrialização e do desenvolvimento sustentável da Amazônia, garantindo a independência e soberania da Nação. Sobre a condecoração, a ministra assegurou tratar-se de um “ato de desagravo à Ciência e de reparação histórica aos cientistas, pesquisadores e médicos do País que foram injustamente perseguidos e ameaçados por um governo anticiência e antivida”, reforçou. A Ordem Nacional do Mérito Científico foi criada pelo Decreto número 772, de 16 de março de 1992, sendo concedida como forma de reconhecimento pelas contribuições científicas e técnicas dadas por personalidades nacionais e internacionais para o desenvolvimento da Ciência no Brasil.
Lacerda foi o primeiro cientista do mundo a apontar a ineficiência da cloroquina no tratamento da covid-19. A substância era a indicação de ‘cura’ do ex-presidente Bolsonaro e seus seguidores.
Considerada non grata por defender o tratamento e controle do HIV Aids para toda a população, incluindo homens trans, Adele Benzaken teve seu nome também retirado da lista. Os dois estavam na lista de condecorados na medalha de 2019, na qual o Bolsonaro os retirou e provocou uma renúncia coletiva.
Fala dos Cientistas
Para Adele Benzaken, nesta cerimônia, mais do que encontrar o prêmio que lhe havia sido sonegado, ela teve um reencontro. “Sinto-me muito honrada. Foi um reencontro com o País plural que estava sendo destruído por políticas reacionárias e facistóides, um reencontro com o SUS pelo qual lutamos desde 1988, assim como com os valores constitucionais que o originaram e um reencontro com o Presidente Lula e todas as utopias que, por vários anos, ele nos ensinou a sonhar. A ele, aos representantes da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, da Academia Brasileira de Ciências, do Ministério de Ciências e Tecnologia e aos companheiros que solidariamente se recusaram a receber a Medalha da Ordem do Mérito Científico à época do governo anterior”, afirmou.
Marcus Lacerda: “Nenhuma medalha, nenhuma homenagem no mundo é entregue a um único indivíduo, a uma única pessoa, nem a um único pesquisador. As honrarias são entregues aos grupos de pesquisa e às instituições. É um prazer imenso receber hoje uma condecoração que vem pelas mãos do atual presidente da República, que reconhece o trabalho de todo o grupo de pesquisa que o Amazonas exerce junto a Fiocruz, que sempre foi o suporte dos piores momentos que todos vivemos nos últimos quatro anos. Obrigado aos governantes que reconhecem o seu papel em transmitirem homenagens a quem de fato merece e pelo reconhecimento às instituições de pesquisa sérias desse País”.
- Por Redação OC
- Foto: Divulgação
- Ilustração: Giulia Renata Melo