sexta-feira, novembro 22, 2024

Brasileiro investe R$ 14,6 milhões em busca de cura para filho e crianças com câncer

Pai resolveu financiar pesquisas científicas após descobrir um câncer cerebral maligno em seu filho

O empresário gaúcho Fernando Goldsztein investiu US$ 3 milhões, cerca de R$ 14,6 milhões na cotação atual, para ajudar a promover pesquisas sobre um tipo de câncer, após seu filho ter sido diagnosticado com um tumor.

Em 2015, o filho dele, que na época tinha 9 anos, recebeu o diagnóstico de meduloblastoma, um câncer cerebral maligno, mais comum na infância. A família foi ao exterior para tratar a doença.

“Há cerca de oito anos, meu filho Frederico foi diagnosticado com meduloblastoma e me deparei com a batalha mais difícil da minha vida. Como pai, fiz tudo que estava ao meu alcance para que ele recebesse o melhor tratamento possível. Nesse período, convivi com muitas outras famílias que passam pelo mesmo problema. Descobri, com o tempo, que as crianças com tumor cerebral foram ignoradas pela sociedade. E não me refiro somente ao Brasil. O problema é mundial”, desabafa.

O filho foi curado do câncer, mas, em 2019, a doença voltou a assombrar a família. A possibilidade desse tipo de câncer voltar é de 35%. Os pais, então, descobriram que havia poucas pesquisas sobre esse assunto. “Por ser uma doença rara comparada com outros cânceres, como mama, pulmão ou próstata, quase não se investiu na pesquisa de tumores cerebrais pediátricos nas últimas décadas”, disse o empresário.

A doença que atinge o filho dele não tem cura, e 30% das crianças com meduloblastoma não sobrevivem. “São cerca de 30 mil crianças, das quais um terço perecem. Os dois terços que se curam são afetados por sequelas para o resto da vida em função da altíssima toxicidade do tratamento”, acrescentou.

Investimento em pesquisa

Foi então que Fernando Goldsztein tomou a iniciativa de tirar dinheiro do próprio bolso para investir em pesquisas que poderiam salvar não só a vida do filho, como também de outras crianças na mesma situação.

Assim, o empresário fundou em 2021 o The Medulloblastoma Initiative (MBI), uma organização global que promove a pesquisa de novos tratamentos para essa doença em crianças.

“A nossa intenção é mudar este quadro triste. Lutar contra o câncer em crianças passou a ser o meu projeto de vida. Não vamos parar enquanto não acharmos a cura desta doença terrível. Crianças não deveriam ter câncer”, declara.

A instituição, que é 100% apoiada por filantropia, quer que dois novos tratamentos sejam testados nos próximos seis a oito meses em crianças. “Existem 25 mil a 30 mil diagnósticos de meduloblastoma no mundo anualmente. A intenção é beneficiar todos esses pacientes no futuro”.

Em dois anos, a entidade recebeu mais de U$ 8 milhões em doações. Até o fim deste ano, a organização quer alcançar a meta de U$ 15 milhões, valor necessário para o desenvolvimento dos testes clínicos em pacientes.

Com 13 instituições de pesquisa envolvidas nos Estados Unidos, Canadá e Europa, o plano do empresário é expandir a parceria para seu país de origem. “Existe também a intenção de trazer os testes clínicos também para o Brasil, o que dependerá de questões logísticas e regulatórias”, afirmou. “Ainda não temos nenhuma parceria estabelecida. Estamos em conversas com algumas instituições”, concluiu.

Descoberta

“No primeiro ano de atividade, o grupo fez parte de uma descoberta fundamental: a identificação do provável mecanismo de desenvolvimento da célula que dá origem ao meduloblastoma”, conta Fernando Goldsztein.

O artigo científico relatando a descoberta, com o reconhecimento do apoio da Medulloblastoma Initiative, foi publicado em setembro de 2022 na revista Nature, uma das mais importantes publicações científicas do mundo.


  • Da Redação
  • Foto: Divulgação

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