Enquanto no Distrito Federal, em 2022, houve 17 casos. Neste ano, o número já chega a 25. Esses dados são da Secretaria de Segurança Pública do DF e foram atualizados até o dia 29 de agosto. Oito em cada dez mulheres assassinadas eram mães e, praticamente, sete em cada 10 foram mortas dentro de casa. Em 84% dos casos, as mulheres já tinham sofrido violência antes de serem assassinadas.
A secretária da Mulher do DF, Gisele Ferreira, diz que “não dá para colocar um policial em cada casa e, por isso, é preciso que a mulher denuncie os abusos antes que o pior aconteça. Nós estamos intensificando cada vez mais o acolhimento, falando que a mulher tem que procurar ajuda, tem que denunciar e que existem várias formas de violência, porque, antes do feminicídio, eles dão sinais: começam com um empurrão, com palavras. Então, a gente tem que colocar toda a sociedade para unir esforços”.
Os próprios dados da Secretaria de Segurança Pública mostram que, em mais da metade dos casos (52%) registrados neste ano, as mulheres já tinham feito boletins de ocorrência. Para o secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar, é preciso que a solução para o problema seja cobrada não só do Poder Público, mas de toda a sociedade.
“É necessária essa integração de várias áreas de governo, mas não só isso. Há que se cobrar o engajamento da sociedade civil. Tem que participar. A imprensa é importantíssima nesse processo. Então, a gente tem difundido na Secretaria de Segurança Pública, como uma meta, esse engajamento da população por meio das denúncias e isso demanda mudança de cultura.”
Thaís Oliveira, do Movimento de Mulheres Olga Benário, defende a reabertura da Casa Ieda Delgado, referência no atendimento a mulheres vítimas de violência e que funcionava em um imóvel abandonado no Guará, região administrativa do DF. Uma ação de reintegração de posse movida pelo próprio governo do Distrito Federal fechou o serviço. Ela explica que o processo para a reabertura do local está na Justiça, mas que o governo vem argumentando no tribunal que os serviços que presta já são suficientes.
“Gostaríamos de ter um imóvel que estivesse abandonado pra conseguir fazer esse atendimento às mulheres, proporcionar abrigo, acolhimento e também ser um centro de informação sobre como se prevenir, quais os equipamentos do Estado estão disponíveis para o combate à violência contra a mulher. O principal argumento deles é que o governo já faz o suficiente, que o governo dispõe de equipamentos como o pró-vítima, como a casa da mulher brasileira. Ou seja, para o governo, os feminicídios que existem são números pequenos.
Em todo o estado, existem apenas duas delegacias especializadas de atendimento à mulher, uma na Asa Sul e outra na região administrativa de Ceilândia. Existe apenas uma Casa da Mulher Brasileira, também em Ceilândia, que oferece atendimento especializado a vítimas de violência. A unidade da Asa Norte foi interditada em 2018 pela Defesa Civil, porque o prédio apresentava problemas estruturais, e nunca foi reaberta”.
Realidade no Amazonas
A delegada titular da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher, Débora Mafra, falou sobre a realidade dos casos de feminicídios, “Nós continuamos estáveis do ano passado para esse ano no feminicídio, não tivemos um aumento exagerado, e nem uma diminuição também, estamos na mesma média, e essa média que é até considerada baixa para um estado do tamanho do Amazonas é referente ao aumento das denúncias, nós temos muitas denúncias, e as denúncias são uma vacina para o feminicídio, tanto que a maioria das mulheres que morrem no feminicídio nunca denunciaram seus agressores, então, quando a mulher toma o primeiro passo de denunciar, é muito difícil ela morrer no feminicídio”.
Ligue 180
A Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 presta uma escuta e acolhida qualificada às mulheres em situação de violência. O serviço registra e encaminha denúncias de violência contra a mulher aos órgão competentes, bem como reclamações, sugestões ou elogios sobre o funcionamento dos serviços de atendimento.
O serviço também fornece informações sobre os direitos da mulher, como os locais de atendimento mais próximos e apropriados para cada caso: Casa da Mulher Brasileira, Centros de Referências, Delegacias de Atendimento à Mulher (Deam), Defensorias Públicas, Núcleos Integrados de Atendimento às Mulheres, entre outros.
A ligação é gratuita e o serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana. São atendidas todas as pessoas que ligam relatando eventos de violência contra a mulher.
O Ligue 180 atende todo o território nacional e também pode ser acessado em outros países.
- Por Redação Convergente
- Foto: Divulgação / Ilustração: Giulia Renata Melo