sexta-feira, novembro 22, 2024

Taça de 2,5 mil anos feita de crânio humano é encontrada na Espanha

Os ossos estavam na Cueva de los Mármoles, uma das cavernas funerárias mais importantes da região Andaluzia

Um artigo publicado esta semana na revista PLOS ONE relata a descoberta de fósseis humanos de pelo menos 12 indivíduos que viveram na Espanha há mais de 2,5 mil anos. Entre os ossos, havia alguns modificados propositalmente para serem transformados em ferramentas e utensílios – como uma taça feita de crânio.

Os ossos estavam na Cueva de los Mármoles, uma das cavernas funerárias mais importantes da região Andaluzia para pesquisa do Período Neolítico.

Segundo o estudo, a datação por radiocarbono indica que eles foram depositados na caverna entre os séculos 5 e 2 a.C. – Antes da Era Comum (AEC), na designação acadêmica.

“Vestígios antrópicos nos restos mortais (por exemplo, fraturas frescas, modificações no canal da medula e marcas de raspagem) sugerem sua fragmentação intencional, limpeza de tecidos moles residuais e, em alguns casos, reutilização”, disseram os autores.

Além da taça de crânio, eles encontraram também dois ossos longos usados como ferramentas. “Esses dados se alinham com os de outros contextos de cavernas da mesma região geográfica, sugerindo a presença, especialmente, durante o período neolítico, de ideologias compartilhadas centradas no corpo humano”.

A taça continha arranhões rasos, indicando que os humanos antigos tentaram limpar os tecidos moles, de acordo com os pesquisadores, que acrescentaram: “Suas evidências sugerem fortemente a tentativa de acessar a medula depois de esmagar a estrutura dos ossos longos”.

Embora o canibalismo também tenha sido uma hipótese considerada, os cortes eram mais consistentes com a tentativa de remover tecidos moles, e a disposição dos ossos sugeria que os indivíduos haviam retornado às cavernas depois que os corpos foram colocados lá, para modificar os ossos e talvez consumir a medula, que é nutritiva.

De uma perspectiva moderna, pode fazer sentido remover os mortos e mantê-los longe de nós à medida que se decompõem, no entanto, os autores se mostram contrários a atribuir essas motivações a enterros.

“A estrutura espacial interna das câmaras funerárias (megalíticas ou hipógeas) e das cavernas naturais lembra as casas ‘socialmente ativas’ dos vivos, conferindo à comunidade dos mortos o papel social de ‘ancestrais’”, explica a equipe.


  • Da Redação
  • Revisão textual: Vanessa Santos
  • Foto: Divulgação

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