quinta-feira, novembro 21, 2024

Os vitrais quebrados da cúpula

A revitalização do patrimônio cultural do Amazonas não é apenas uma questão estética, mas um investimento em nosso futuro, em nossa identidade e no bem-estar do nosso povo

A deterioração do maior cartão postal do Amazonas é visível a olho nu. Os vitrais do Teatro Amazonas, reconhecido como um dos teatros mais bonitos do mundo, encontram-se sujos e alguns estão quebrados, testemunhando o descuido que assola esse símbolo histórico. Enquanto isso, o calçadão do Largo do São Sebastião está repleto de pedras soltas, representando um perigo para os transeuntes, e a fonte do Monumento à Abertura dos Portos às Nações Amigas permanece seca há muito tempo, um lembrete triste de um passado glorioso agora esquecido.

É angustiante perceber que, se o nosso cartão postal está nesse estado lastimável, é apenas a ponta do iceberg do descaso que assola o nosso estado. Um exemplo disso é a cidade em miniatura Santa Anita, localizada na Galeria do Largo, uma construção única erguida por Mário Ypiranga Monteiro em homenagem a sua esposa. No entanto, essa preciosidade está em reforma há anos, sem perspectiva de conclusão à vista. Essa estagnação não só reflete uma falta de respeito pela história e cultura do nosso povo, mas também denuncia a falta de investimento e planejamento adequado para revitalizar esses espaços tão valiosos para nossa identidade cultural.

Houve tempos em que a cultura do nosso estado era tratada com seriedade e respeito. No entanto, nos dias atuais, parece que apenas se fala do festival de boi, enquanto estruturas inteiras que deveriam servir ao povo do Amazonas estão completamente sucateadas, relegadas ao esquecimento e à decadência. Esta situação é inaceitável e clama por ação imediata.

Investir em cultura não é apenas uma questão de preservação histórica, mas também uma oportunidade de impulsionar a economia local. A cultura, quando cultivada e promovida, não só preserva nossa identidade, mas também gera empregos e renda para a comunidade. Além disso, é fundamental questionar: onde está a tão proclamada “Economia Criativa”? Se queremos avançar como sociedade, precisamos reconhecer o valor econômico e social da cultura e investir de maneira significativa nesses tesouros que estão sendo desperdiçados.

É de suma importância que as autoridades competentes reconheçam a urgência dessa situação e ajam de maneira decisiva. A revitalização do patrimônio cultural do Amazonas não é apenas uma questão estética, mas um investimento em nosso futuro, em nossa identidade e no bem-estar do nosso povo. Somente através de um compromisso sério e recursos adequados, podemos restaurar o esplendor do nosso estado e garantir que as gerações futuras possam apreciar e se orgulhar de nossa rica herança cultural.


  • Por Pedro Calheiros
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  • Revisão textual: Vanessa Santos
  • Ilustração: Marcus Reis

 

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