Após dias com ar limpo em Manaus, a fumaça das queimadas voltou a encobrir a capital nesta quinta-feira, 26/10. De acordo com a plataforma de Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva), o ar, nesta manhã, está classificado como “ruim”.
Ibama
Desde o início de outubro, a equipe do Ibama tem atuado nos incêndios florestais no Amazonas, principalmente, nas cidades de Autazes, Careiro da Várzea, Careiro, Iranduba e Manaquiri, onde ocorreram os primeiros incêndios florestais que deixaram Manaus embaixo de uma grande nuvem de fumaça.
No total, 270 brigadistas do Ibama e do ICMBio se dividem em seis Bases Avançadas nas cidades citadas acima, com um Posto de Comando instalado no município de Careiro, no Auditório Memorial das Vítimas da Covid 19, e em Apuí/Humaitá, na PA Maria Auxiliadora, em Terra Indígena Tenharim/Marmelos. Helicóptero e viaturas do Instituto fazem o monitoramento por céu e terra para registrar os incêndios na região.
Na primeira semana de trabalho, foram registrados 1.417 focos de calor, já a terceira registrou 315 focos, uma redução de 78%. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). As análises dos satélites mostram que, nessas localidades, houve redução dos focos de calor desde que a Operação Amazonas 2023 se intensificou.
Em Autazes, Careiro da Várzea, Careiro, Iranduba e Manaquiri, observa-se uma redução da primeira semana comparada com a terceira de: 94%, 97%, 99%, 93% e 98%, respectivamente. Além do trabalho dos brigadistas, as chuvas que chegaram nas cidades ajudaram na redução dos incêndios florestais.
De acordo com o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, a redução dos incêndios florestais tem relação direta com a derrubada de árvores. “Quase 74% dos focos de incêndio no Amazonas ocorreram em áreas já desmatadas e 55% em áreas recém desmatadas. Para nós, a principal estratégia para combater foco de incêndio é combater o desmatamento. Nós estamos fazendo ações de fiscalização e as áreas desmatadas ilegalmente serão todas embargadas. Estamos falando de um total agora, na Amazônia, de aplicação de multas que já chega quase perto de três bilhões de reais”.
A Força Aérea Brasileira (FAB) contribuiu para o envio de parte dos brigadistas ao estado. No dia 15 de outubro, um avião da FAB levou 58 brigadistas até Manaus. O voo partiu de Brasília no dia 15 de outubro, levando reforço humano e material. Na bagagem, kits de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) foram doados ao governo do Amazonas para serem distribuídos aos brigadistas do estado.
O Ibama atendeu dois incêndios florestais logo que chegou ao estado, no início do mês. A primeira foi em uma Unidade de Conservação Estadual, localizada às margens do rio Negro, no município de Iranduba. O fogo já estava queimando há vários dias e, após a chegada dos brigadistas do Prevfogo, as chamas foram contidas em quatro dias de trabalho. A outra região que teve o fogo controlado foi no município de Careiro, no assentamento federal Panelão.
“Nesses dois casos, os incêndios foram criminosos. Alguém colocou fogo. Fogo não surge de repente, há uma intenção que precisa ser investigada pelo poder público”, afirmou o coordenador da Operação Amazonas 2023, Kurtis Bastos.
Durante o trabalho das equipes, não foi constatado que os incêndios tenham ocorrido por ações da natureza, como raios. A maioria se deve ao desmatamento ilegal para a criação de gado em terras da União, terras demarcadas, Terras Indígenas e em parques nacionais e estaduais. Já a segunda está relacionada à falta de cuidado do manejo do fogo em áreas usadas para o cultivo de pequenas agriculturas.
Para o presidente do Ibama, a floresta é vítima da ações organizadas e repetidas. “As pessoas derrubam a floresta, que é úmida, e esperam ela secar para queimá-la. A floresta tenta se regenerar, queimam no ano seguinte. Ela se regenera novamente, queimam no terceiro ano. Normalmente, são de três a cinco anos de queimadas na mesma área para que haja a limpeza completa e o fim da floresta naquele local. O que estamos vendo é que a seca está tão intensa que o fogo está queimando floresta em pé. O incêndio foge do controle de quem ateia o fogo e acaba escapando em área de floresta. A gente tem detectado fogo em área recém desmatada, o que é muito sério”, explica Rodrigo Agostinho.
Esses fatores, associados à estiagem e às altas temperaturas ocasionadas pelo reflexo do fenômeno El Niño, contribuíram para o aumento no número de incêndios florestais no Amazonas.
Com a contenção do fogo e a chegada do período de chuvas no Amazonas, o Ibama prevê a desmobilização da operação no estado para o final de outubro.
Queimadas no AM
O Amazonas decretou, no dia 12 de setembro, situação de Emergência Ambiental em municípios das regiões Sul do Amazonas e Metropolitana de Manaus sob o impacto negativo do desmatamento ilegal e queimadas não autorizadas.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Amazonas registrou 3.925 focos de queimadas nos primeiros dez dias de setembro.
A Situação de Emergência Ambiental abrange áreas dos municípios de Apuí, Novo Aripuanã, Manicoré, Humaitá, Canutama, Lábrea, Boca do Acre, Tapauá e Maués, no sul do estado; e Iranduba, Novo Airão, Careiro da Várzea, Rio Preto da Eva, Itacoatiara, Presidente Figueiredo, Manacapuru, Careiro Castanho, Autazes, Silves, Itapiranga, Manaquiri e da própria capital, na Região Metropolitana de Manaus.
Problemas de saúde
Atualmente, a poluição do ar é considerada uma das maiores ameaças à saúde humana. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 90% da população mundial respira ar abaixo de níveis seguros.
O crescimento dos incêndios florestais agrava os índices de poluição do ar. O monóxido de carbono (CO), partículas de fuligem e elementos tóxicos presentes na fumaça geram uma série de efeitos no corpo humano.
Alguns dos problemas decorrentes da inalação de fumaça e fuligem são tosse, falta de ar, aumento de doenças respiratórias, inflamação, diminuição da função pulmonar, aumento da admissão hospitalar e mortalidade, principalmente, em pacientes com doenças cardiovasculares e/ou pulmonares, piora dos ataques de asma em asmáticos, aumento de casos de câncer, entre outros.
Crianças, idosos, gestantes e pessoas com doenças pulmonares ou cardíacas são considerados os mais vulneráveis às complicações causadas pela fumaça.
As pessoas que moram próximo às áreas de queimadas são as mais suscetíveis a sofrerem com as consequências para a saúde. Entretanto, a fumaça pode viajar milhares de quilômetros e atingir outras cidades, estados e até países.
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- Por July Barbosa
- Revisão textual: Vanessa Santos
- Foto: Rede social