O ex-jogador Marcelinho Carioca, nos últimos dias, foi vítima de um sequestro em SP, com direito à gravação de vídeo pelo próprio ex-atleta, que circulou nas redes sociais, em que diz ter se envolvido em um relacionamento extraconjugal. A tensão durou, aproximadamente, 24 horas, mas, ontem, a Polícia Civil localizou o cativeiro em que ele estava preso, em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo, e o soltou.
Marcelinho, de 51 anos, estava desaparecido desde o domingo. As buscas começaram depois de o veículo do ex-jogador, uma Mercedes, ter sido encontrado horas antes no município para o qual fora levado. Cinco pessoas foram presas por suspeita de envolvimento no sequestro.
Depois de ter sido resgatado, Marcelinho disse, em depoimento, que foi abordado pelo grupo quando foi à casa de uma amiga, em Itaquaquecetuba. Segundo relatou, o objetivo era presenteá-la com ingressos do show do cantor Thiaguinho, que aconteceria na tarde de domingo, na NeoQuímica Arena, estádio do Corinthians. Marcelinho tinha acabado de sair de uma apresentação do artista, que também fizera um show no sábado.
Ao chegar à casa da amiga, ele e ela foram abordados e levados pelos bandidos — que pediram resgate à família do ex-jogador. Foram feitas duas transferências via Pix, uma de R$ 30 mil e outra de R$ 12 mil. A quadrilha ainda cobrou uma terceira transferência, que não foi feita. Nesse momento, Marcelinho era considerado sequestrado.
Segundo o ex-jogador, ele foi obrigado pelos bandidos a fazer um vídeo com uma versão mentirosa sobre o motivo do sequestro. Na gravação, ele está com o olho esquerdo inchado e roxo e diz ter sido levado por causa do suposto relacionamento com a mulher — que também aparece no vídeo.
“Estava em um show, em Itaquera, curtindo um samba. Saí com uma mulher, que é casada, e eu fui saber depois. O marido dela me sequestrou, me levou”, disse.
Na sequência, a mulher à qual o ex-jogador se refere aparece na gravação e endossa a versão. “Eu confirmo tudo que ele está falando. Eu sou casada, meu esposo sequestrou ele e colocou a gente em um cativeiro”, acrescentou.
“Eles me forçaram a fazer aquele vídeo com um revólver na cabeça”, explicou Marcelinho, que é evangélico, aos jornalistas, à saída da delegacia, depois de prestar depoimento.
De acordo com o delegado Fabio Nelson, responsável pela Divisão Antissequestro da Polícia Civil paulista, o vídeo gravado pelo bando “tinha o objetivo de despistar a polícia”. O investigador acredita que tenha sido um crime de ocasião, uma vez que Marcelinho foi à casa da amiga em um carro de luxo em uma localidade de baixa renda. Depois do sequestro, porém é que o bando se deu conta de que tinha levado o ex-jogador para o cativeiro.
“Foi uma das piores coisas que passei na minha vida. Falaram que eu tinha de colaborar para dar todo o meu dinheiro. Eu falei: ‘Não tem problema, pode pegar, eu só quero que vocês me soltem'”, relatou Marcelinho.
Foram presos dois homens e três mulheres: Eliane Lopes de Amorim, Jones Santos Ferreira, Wadson Fernandes Santos, Thauannata Lopes dos Santos e Fernanda Santos Nunes — alguns deles têm passagem pela polícia.
Inicialmente, os agentes localizaram os dois homens, apontados como os “conteiros” — responsáveis pelo desvio do dinheiro do resgate para contas-laranja. Na sequência, foram encontradas as três mulheres, no cativeiro dos reféns, na Rua Ferraz de Vasconcelos, em Itaquaquecetuba. O local fica perto da Rua Salesópolis, onde ocorreu o sequestro.
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- Por July Barbosa com informações G1
- Revisão textual: Vanessa Santos
- Ilustração: Giulia Renata Melo
