domingo, novembro 24, 2024

Yoga pode ser usada como terapia complementar para tratamentos de transtornos, diz estudo

A literatura sobre transtornos demonstra a complexidade e o sofrimento que acomete seus portadores, sendo o TOC considerado o quarto transtorno psiquiátrico mais comum

O Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) é um transtorno mental grave caracterizado pela presença de pensamentos, impulsos ou imagens (obsessões) e ou de comportamento repetitivos ou atos mentais (obsessões).

Estima-se que entre adultos, o TOC tenha uma prevalência em torno de 1% a 2,5% ao longo da vida em diferentes partes do mundo. há pouca informação sobre o TOC em grandes amostras representativas, e seus portadores tendem a ocultar o problema, não procurar ou demorar para buscar tratamento.

A literatura sobre esse transtorno demonstra a complexidade e o sofrimento que acomete seus portadores, sendo o TOC considerado o quarto transtorno psiquiátrico mais comum, e está entre as 10 maiores causas de incapacitação social com um impacto negativo na vida dos pacientes.

Um conglomerado de estudos apontam que eles são significativamente prejudicados quando comparados com a qualidade de vida da população em geral, e comparados com outros pacientes com transtornos psiquiátricos e ou problemas médicos.

O tratamento de primeira escolha, tem sido indicada a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) especialmente a técnica de exposição com prevenção de resposta, associada ao uso de medicação com atuação sobre a serotonina.

Embora esses tratamentos sejam eficazes, estima-se que aproximadamente 40 a 60% dos pacientes com TOC não atinjam um alívio satisfatório dos sintomas mesmo recebendo um tratamento adequado, demonstrando claramente a necessidade de se incluir outras estratégias terapêuticas acessíveis e baseadas em evidências. Estudiosos sugerem que se desenvolvam novos tratamentos que venham atender de modo personalizado às necessidades dos pacientes.

O yoga

O yoga é uma prática integrativa, milenar, oriunda da Índia, que só recentemente tem sido documentada no Ocidente por seus efeitos potencialmente terapêuticos e como uma possibilidade de tratamento para distúrbios psicológicos e psiquiátricos.

A aplicação do yoga, como uma intervenção terapêutica, teve início no começo do século XX, por receber os benefícios dos diversos componentes como: posturas físicas (ásanas), técnicas de respiração (pranayama), meditação (dhyana), técnicas de relaxamento, vibração e repetição de sons (mantras).

A meditação, como componente da prática de yoga também tem sido extensivamente pesquisada, e os benefícios demonstrados em uma série de mudanças psicofisiológicas, desde melhora nas características respiratórias, pressão arterial, atividade neuroendócrina e neurotransmissora em variáveis como o cortisol e variabilidade dos batimentos cardíacos.

De uma forma geral, as práticas de meditação servem para aquietar a mente, propiciar uma conexão profunda e acessar os recursos internos da pessoa, levando a uma redução do estresse, aumento da concentração e um estado mental de paz.

Outro componente do yoga são as técnicas respiratórias, que também têm sido estudadas e utilizadas para os tratamentos dos transtornos psiquiátricos, além de outras condições médicas associadas ao estresse.

Essas técnicas implicam em mudar voluntariamente o ritmo, o padrão e a qualidade da respiração, produzindo diferentes efeitos psicológicos e estão gerando novos tratamentos, pois cada prática tem variações, ocasionando uma mudança generalizada em ativação, atenção, percepção, regulação emocional, experiência subjetiva e comportamento.

A utilização dessas técnicas respiratórias e meditação tem demonstrado efetividade clínica, embora as pesquisas sejam limitadas, porém promissoras. Existe uma técnica especial de respiração combinada com meditação do Kundalini Yoga, que tem sido estudada para o tratamento do TOC.

O Kundalini (KY) é caracterizada por seguir uma sequência de exercícios chamada Kryia, que estimulam o fluxo de sangue e fornecem energia ao cérebro, sistema nervoso e glândulas endócrinas.

Shannahoff-Khalsa, um dos primeiros alunos do mestre, cientista pesquisador, professor de Kundalini Yoga há mais de 30 anos, uma autoridade mundial no campo das terapias corpo-mente, iniciou uma série de estudos utilizado o Kundalini yoga para o tratamento de transtornos psiquiátricos. Uma dessas técnicas pretende ser “específica para o tratamento do TOC” e foi publicada em 1991, como um novo paradigma para autorregulação.

Em 1996, Shannahoff e Becket publicaram um estudo piloto, com um protocolo de 11 partes, que inclui 8 técnicas primárias e 3 opcionais, incluindo essa “específica para o TOC” (respiração unilateral).

Em estudo realizado e publicado na revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento, cinco de oito pacientes praticaram durante 12 meses o protocolo, demonstrado numa melhora de 55,6% na escala de sintomas obsessivo-compulsivo (Y-BOCS).

Esses cinco participantes estavam todos previamente estabilizados com medicação por mais de três meses antes do início do estudo, e já haviam tentado a Terapia Cognitiva Comportamental. Deste grupo de cinco, três tornaram-se completamente livres da medicação por um período de 5 meses antes do final dos 12 meses de estudo, e os outros dois tiveram as doses reduzidas em 50%.

No entanto, para maior robustez epidemiológica, outro estudo foi realizado para comparar este protocolo com a Resposta de Relaxamento (RR) mais a Meditação Mindfulness.

Neste segundo estudo, controlado e randomizado, os participantes foram informados de que seria comparado dois protocolos de meditações, sem nomeá-los ou descrever as técnicas.

Foi informado aos participantes numa entrevista inicial, que o estudo teria a duração de 12 meses, no entanto, caso um dos protocolos fosse provado mais eficiente do que o outro num período de 3 meses, usariam o protocolo mais eficiente.

Sete adultos em cada grupo completaram os três meses iniciais de estudo, e somente o grupo do Kundalini Yoga (KY) demonstrou significância estatística na redução nos escores da escala de sintomas do TOC.

Sendo assim os grupos se juntaram para um ano adicional de pesquisa, usando o protocolo do KY. Comparando a média dos participantes no mês 0 com a média dos participantes no mês 15 (3+12 meses) para todos que completaram o estudo, o melhoramento nesses 15 meses foi de 70,1%. Essa média de 70% de melhora é uma porcentagem excepcionalmente alta para uma mudança clínica, quando comparado com outras modalidades de tratamento.

 

Fonte: revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento

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