sábado, novembro 23, 2024

Internações por VSR e influenza A seguem em alta, diz boletim InfoGripe

Manaus se encontra entre as 19 capitais que mostraram indícios de aumento

O novo Boletim InfoGripe Fiocruz alerta para os aumentos semanais no país das internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), especialmente devido o vírus sincicial respiratório (VSR) e a influenza A, o vírus da gripe. Por outro lado, aponta que no cenário nacional a Covid-19 permanece em queda, com alguns estados mantendo estabilidade em patamares baixos.

A atualização publicada na última quinta-feira (18) mostra que, no agregado nacional, há sinal de crescimento nas internações tanto na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) quanto na de curto prazo (últimas três semanas). Referente à Semana Epidemiológica (SE) 15, de 7 a 13 de abril, o estudo tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 15 de abril.

A análise sinaliza também que, entre os óbitos notificados nas últimas quatro semanas, que encontram-se no sistema com o resultado laboratorial, as mortes associadas ao vírus da gripe já começam a se aproximar das mortes em função da Covid-19, por conta da diferença do quadro de diminuição da Covid-19 e aumento de casos de influenza. Diante desse contexto, o pesquisador do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz) e coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, destaca a importância da vacinação.

“Para o vírus da gripe, a gente conta com vacina e campanha de vacinação em todo o país. Então quem é grupo de risco, deve buscar o posto de saúde para se vacinar. A vacina da gripe, tal qual a vacina da Covid, têm como foco diminuir o risco de agravamento de um resfriado, que pode  acabar desencadeando uma internação e até, eventualmente, uma morte. Ou seja, a vacina é simplesmente fundamental. Em relação ao VSR, a rede privada tem uma vacina já disponível para idosos, que também é muito importante, já que embora o risco do VSR seja muito maior nas crianças pequenas, a gente também observa internações nos idosos”, afirma o pesquisador, que reforça ainda a  importância do uso de boas máscaras (N95, KN95, PFF2) para qualquer pessoa que for a uma unidade de saúde e para quem estiver com sintomas de infecção respiratória.

Os óbitos por SRAG se mantém significativamente mais elevados nos idosos, com amplo predomínio da Covid-19 nessa faixa etária. No entanto, nas crianças de até dois anos de idade, o cenário é distinto. O  aumento da circulação do VSR tem gerado crescimento expressivo da mortalidade de SRAG nas crianças pequenas, superando aquelas associadas à Covid-19 nessa faixa etária nas últimas oito semanas epidemiológicas, refletindo o cenário da circulação viral do período. Outros vírus respiratórios com destaque para a incidência de SRAG nas crianças pequenas continuam sendo a Covid-19 e o rinovírus.

Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos como resultado positivo para vírus respiratórios foi de influenza A (20,8%), influenza B (0,3%), vírus sincicial respiratório (54,9%) e Sars-CoV-2/Covid-19 (14,9%). Entre os óbitos, a presença desses mesmos vírus entre os positivos foi de influenza A (40,8%), influenza B (0%), vírus sincicial respiratório (10,7%), e Sars-CoV-2/Covid-19 (47,3%).

Na presente atualização, 20 estados apresentam sinal de crescimento de SRAG na tendência de longo prazo: Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Sergipe, São Paulo e Tocantins.

Em relação aos casos de SRAG por Covid-19, há a manutenção do sinal de queda nos estados do Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Nas demais regiões, há estabilidade em patamares relativamente baixos.

Entre as capitais, 19 mostram indícios de aumento: Aracaju (SE), Belém (PA), Belo Horizonte (MG), plano piloto e arredores de Brasília (DF), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT),  Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), João Pessoa (PB), Macapá (AP), Manaus (AM), Palmas (TO), Recife (PE), Rio Branco (AC), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Luís (MA) e São Paulo (SP).

Resultados positivos para vírus respiratórios e óbitos em 2024

Referente ao ano epidemiológico 2024, já foram notificados 33.998 casos de SRAG, sendo 15.098 (44,4%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 13.003 (38,2%) negativos, e ao menos 3.813 (11,2%) aguardando resultado laboratorial. Dados de positividade para semanas recentes estão sujeitos a grandes alterações em atualizações seguintes por conta do fluxo de notificação de casos e inserção do resultado laboratorial associado. Dentre os casos positivos do ano corrente, tem-se influenza A (14,2%), influenza B (0,3%), vírus sincicial respiratório (29,2%) e Sars-CoV-2/Covid-19 (43,5%).

Em relação aos casos de SRAG de 2024, independentemente da presença de febre, já foram registrados 2.322 óbitos, sendo 1.411 (60,8%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 728 (31,4%) negativos, e ao menos 78 (3,4%) aguardando resultado laboratorial. Dentre os positivos do ano corrente, tem-se influenza A (12,3%), influenza B (0,1%), vírus sincicial respiratório (3,1%) e Sars-CoV-2/Covid-19 (81,7%).

 

 

 

Fonte: Fiocruz

Foto: Reprodução / Sociedade Mineira de terapia intensiva – Somiti

Leia mais: Esquistossomose: estudo da Fiocruz busca novos tratamentos para a doença

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