Em 2024, pelo menos 17 países registraram um aumento de casos de coqueluche, sendo as crianças as principais vítimas da doença. No Brasil, o último pico epidêmico de coqueluche ocorreu em 2014, mas, em junho de 2024, houve um aumento de 768,7% na comparação com o mesmo período do ano passado. A vacinação é a principal prevenção contra a doença e, com o aumento dos casos, autoridades da saúde têm reforçado a importância de imunizar crianças, gestantes e profissionais da saúde.
Popularmente conhecida como tosse comprida, a coqueluche é uma doença infecciosa causada por uma bactéria chamada Bordetella pertussis. Os casos da doença aumentam no período do inverno e afeta, principalmente, o sistema respiratório.
As crianças são as principais vítimas da doença e devem ser imunizadas ainda nos primeiros meses de vida. De acordo com o Ministério da Saúde, um adulto, mesmo tendo sido vacinado quando bebê, pode se tornar suscetível novamente à coqueluche, já que a vacina pode perder o efeito com o passar do tempo.
Além dos surtos da doença na Europa e na Ásia, em 2024, a América do Sul também vive o mesmo cenário. A Bolívia, por exemplo, registrou quase 700 casos, sendo a maioria deles crianças menores de 5 anos.
Após o pico de casos no Brasil, em 2014, os registros da doença caíram nos últimos anos, segundo dados do Ministério da Saúde. Em 2020, por exemplo, em meio à pandemia da Covid-19, foram registrados apenas 227 casos. No ano seguinte, o Brasil registrou apenas 159 casos da doença, porém, o que se observa é que, em seis meses, os registros de coqueluche no Brasil saltaram, sendo 139 casos notificados somente em São Paulo.
Mesmo com o crescente aumento de casos no primeiro semestre de 2024 no Brasil, o Amazonas registrou apenas um caso da doença, conforme informações da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Drª Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP). O número de casos no Amazonas, de acordo com a FVS, nos últimos anos também foi reduzido, sendo registrado apenas 6 casos no período entre 2022 até junho de 2024.
Transmissão e sintomas
Segundo as autoridades da saúde, a transmissão da doença ocorre pelo contato direto do doente com uma pessoa não vacinada, através de gotículas eliminadas por tosse, espirro ou até mesmo ao falar.
Os sintomas da coqueluche podem se manifestar em três níveis, sendo os mais leves parecidos com os sintomas de um resfriado e incluem mal-estar geral, corrimento nasal, tosse seca e febre baixa.
No estágio intermediário, a tosse seca piora e outros sinais aparecem e a tosse passa de leve e seca para severa e descontrolada, podendo comprometer a respiração. Geralmente, os sinais e sintomas da coqueluche duram entre seis e dez semanas.
Vacinação
Com o aumento de casos no Brasil, a vacinação contra a doença foi reforçada pelo Ministério da Saúde, que aponta que a imunização é a melhor forma de combater a doença. A imunização contra a coqueluche deve ser realizada nos primeiros meses de vida, aos 2, 4 e 6 meses de idade, com a aplicação de reforços aos 15 meses e aos 4 anos, além da vacinação de gestantes e puérperas e de profissionais da área da saúde.
De acordo com o Ministério da Saúde, a dose contra a doença protege não só contra a coqueluche, mas também contra outras doenças, como difteria, tétano, hepatite B e Haemophilus influenza tipo b.
Devido aos crescentes registros, a vacinação contra a doença foi ampliada em caráter excepcional em todo o Brasil. Conforme o documento do Governo Federal, a vacinação foi ampliada para a indicação de uso da vacina dTpa (tríplice bacteriana acelular tipo adulto), que combate difteria, tétano e coqueluche.
Com isso, a indicação da dose contra a coqueluche será também para trabalhadores da saúde que atuam em serviços de saúde públicos e privados, ambulatorial e hospitalar, com atendimento em ginecologia e obstetrícia; parto e pós-parto imediato, incluindo casas de parto; UTIs e UCIs, berçários (baixo, médio e alto risco) e pediatria.
Importância da vacinação
Ao Portal Manaós, a gerente de imunização do Departamento de Vigilância Epidemiológica da FVS-AM, Ângela Desirée, destacou a importância da vacinação contra a doença.
“A principal forma de prevenção contra a Coqueluche, que é uma doença característica da infância, é através da vacinação de crianças menores de 6 anos de idade, com a vacina pentavalente, que são 3 doses na criança de 2, 4 e 6 meses. E também com a vacina tríplice bacteriana, a vacina DTP, que são duas doses de reforço administradas nas crianças aos 15 meses de idade, e outra aos 4 anos de idade.
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A especialista destaca a importância de gestantes procurarem as salas de vacinação para obterem a DTPA após a 20° semana de gravidez e ressalta que uma nova dose da vacina deve ser administrada a cada gestação.
“Além disso, para prevenção dos recém-nascidos, nós também ofertamos em todas as salas de vacinação, a DTPA, que é a vacina que a gestante pode receber após a 20° semana de gestação. Os anticorpos que essa futura mãe vai adquirir após receber a vacina fazem com que ultrapassem a barreira da placenta, e dessa forma, previne a criança ao nascer, se tiver contato com o vírus circulante.”, explicou.
Segundo Angela, é necessário atentar-se para a atualização do esquema vacinal das crianças, e reforça a importância de receber o imunizante.
“Pais, mães e responsáveis, levem suas crianças a salas de vacinação para que elas iniciem ou completem o esquema de vacinação. E principalmente, verifiquem se as doses aos 15 meses e aos 4 anos estão atualizadas. É sempre bom reforçar que vacinas salvam vidas.”
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Por Camila Duarte e Victoria Medeiros
Ilustração: Marcus Reis
Fontes de pesquisa: FVS-AM, Ministério da Saúde e Agência Brasil