Os condutores foram surpreendidos nos últimos dias com o aumento dos combustíveis em Manaus, o que fez com que o valor da gasolina saltasse para R$ 6,89 o litro. Apesar do aumento da Petrobras em todo Brasil, vale destacar que o Amazonas não segue o preço estabelecido pela estatal brasileira, uma vez que a Refinaria da Amazônia (Ream) é quem direciona os valores no Amazonas, mas cabe ao posto de combustível o preço final.
No início de julho, a Petrobras anunciou um aumento de R$ 0,20 por litro da gasolina, porém, esse acréscimo chega à refinaria em Manaus, pois a mesma segue uma política de preços independente desde sua privatização, que ocorreu em 2022.
O aumento no preço da gasolina em Manaus foi de R$ 0,60 nos últimos dias. Por exemplo, no domingo (14), alguns condutores chegaram a abastecer pelo valor de R$6,29 o litro. Porém, dias antes, na sexta-feira (12), a Ream anunciou a redução no preço da gasolina, que caiu de R$ 3,51 para R$ 3,46.
Seguindo essa lógica, o preço ficou barato para quem compra direto da refinaria, porém, o posto de combustível é quem repassa o produto ao consumidor, mas o valor aumento nesta semana.
Cobrança
Ao O Convergente, o vice-presidente do Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas, o economista Altamir Cordeiro, explicou como funciona na prática a cobrança dos valores feito na refinaria e repassada aos postos de combustíveis.
O economista explicou que os preços dos combustíveis são de responsabilidade da Refinaria do Amazonas, que ainda relaciona o preço com a variação do dólar, o que não é seguido pela Petrobras.
Os preços dos combustíveis no Amazonas, são de responsabilidade da empresa Ream, Refinaria do Amazonas, do grupo Atém. Está empresa, continua praticando os preços com paridade ao preço do dólar, diferentemente da Petrobrás. Uma das razões porque pagamos um preço superior”, explicou.
Cordeiro ainda detalhou que quando o combustível era de responsabilidade da Petrobras, a estatal transportava os combustíveis até a refinaria em Manaus. “Quando a Petrobrás distribuía em Manaus, ela própria transportava até a refinaria de Manaus, e os custos eram rateados por todo Brasil. Hoje a empresa atual apropria seus custos e repassa nos preços”, disse.
O economista ainda pontou que o objetivo era tirar o monopólio da Petrobras e deixar um cenário favorável para os consumidores, porém, não ocorreu.
“O objetivo era haver uma concorrência que fosse favorável aos consumidores, tirando o monopólio da Petrobrás e no entanto nada disso ocorreu. Temos um monopólio de uma empresa privada e a Petrobras atende o centro oeste, sudeste e sul do país, onde tem seus maiores mercado”, afirmou.
Em relação aos preços elevados, o economista afirmou que é importante que os órgãos de defesa façam ações para combater a prática dos valores abusivos em Manaus. “Importante é os órgãos de defesa do consumidor acompanhar e fazer o controle para evitar os abusos das distribuidoras no repasse aos postos de combustíveis e consequentemente aos consumidores finais”, disse.
O Convergente buscou contato com o Sindicato dos Postos de Combustíveis (Sindicombustiveis-AM), mas até a publicação desta matéria, não houve retorno. O espaço segue aberto para esclarecimentos.
Fiscalização
Após o registro do aumento de R$ 0,60 no preço da gasolina em Manaus, o Instituto de Defesa do Consumidor (Procon-AM) iniciou uma série de fiscalizações nos postos de combustíveis da cidade.
Conforme o diretor-presidente do Procon-AM, Jalil Fraxe, a ação visa assegurar um preço justo ao consumidor e busca entender a motivação do acréscimo.
“Estamos fazendo um levantamento e mapeando o mercado para sabermos se há uma justificativa comprovada para o reajuste. Também estamos nas ruas para combater práticas abusivas. Estamos atentos ao cenário e esperamos em breve trazer respostas efetivas para a população”, explicou.
Consumidores que identificarem qualquer irregularidade ou desrespeito aos seus direitos podem registrar denúncias através dos canais de atendimento do Procon-AM: (92) 3215-4009 ou 0800 092 1512 (segunda a sexta, das 8h às 14h, exceto feriados), site www.procon.am.gov.br ou correio eletrônico: [email protected].
*Com informações do O Convergente
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