domingo, novembro 24, 2024

Artigo| A invisibilidade da fome e da pobreza em tempo real!

Por Erica Lima

O século XXI é marcado pela “instantaneidade”. Tudo é ao vivo e a cores, de preferência com alta resolução, tudo é “imediatamente”. A cada sentimento, a cada sorriso, a cada alegria, a cada tristeza, a cada conquista. Tudo é divulgado.

Porém, a fome continua a doer na barriga de uma grande parte da população brasileira. O desemprego, a desigualdade social, a precariedade do trabalho, a violência, a morte, as doenças e o abandono do ser humano permanecem invisíveis mesmo diante dos nossos olhos.

Essas expressões da questão social continuam existindo e a cada década ano e gerações,  a questão Social continua atingindo grande parte das pessoas, mas com novas roupagens.

As preocupações humanas na atualidade estão intrinsecamente atreladas a perspectiva individual. O capital, a condição de obtenção do dinheiro para comprar as necessidades humanas, torna-nos focalizados individualmente.

A população do Brasil segundo o IBGE é de 211.209.149 milhões de pessoas, e a cada segundo esse número aumenta. Pensar em políticas públicas no Brasil é pensar num pluralismo e numa diversidade sociocultural.

A pobreza, a desigualdade social e a ineficiência  das políticas públicas caracterizam o grande problema no Brasil. A exclusão dos excluídos também é uma grande questão, pois as propostas de intervenções para o social voltado para as “minorias sociais” que agora são maioria, estão sendo eliminadas nas pautas governamentais.

A perda da capacidade humana de humanizar as coisas, os fenômenos e as relações é o resultado da elitização da pobreza, é o resultado da coisificação do trabalho, da fragmentação das relações sociais que se desenvolvem no trabalho.

Mas o que é o trabalho? Como você e eu estamos percebemos o trabalho? Aos poucos nos foi tirada a capacidade de criar, de imaginar, de pensar. O modelo pronto, o arranjo de flor artificial, a saudade que se mata por uma tela de computador, a amizade criada de quem nunca se quer tocou, a necessidade de compra e a relação com a máquina. Essas são as novas formas de se relacionar com o novo mundo fora da realidade.

Nunca o irreal foi tão real. Porém, a fome é real, mesmo com uma abstração própria e material de doer, a fome hoje é sentida por milhares de brasileiros. A Fome de comida e fome de viver, mas a fome em tempos online deve esperar. Pois os vídeos, os likes e os selfies são espontaneamente mais importante.

Registrar uma selfie na favela, na ocupação, na tragédia, na ação solidária é a garantia certa de ganhar muitas curtidas. E assim vamos curtindo cada aspecto da pobreza e da fome.

E assim vamos nos enganando, fazendo de conta que a vida é bela e que só os nossos problemas são mais importantes. Assim, vamos vivendo individualmente, deixando o amor ao próximo para a próxima vez.


  • Redação Portal Manaós
  • Imagem: Divulgação

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