Acusado de assédio e de beijar à força duas colegas de trabalho, o professor de biologia da Universidade de Brasília (UnB), Jaime Martins de Santana, 62, recebeu apenas 15 dias de suspensão do cargo, no lugar da demissão, após ter o nome ligado ao escândalo. O caso aconteceu em 2023, mas só veio à tona nesta segunda-feira, 2, pela Agência Pública.
De acordo com a comissão responsável pelo Processo Administrativo Disciplinar (PAD) do caso, “o servidor […] praticou assédio sexual contra as denunciantes”. A comissão, formada por três professores, recomendou a demissão de Santana, que na época das denúncias era diretor do Instituto de Ciências Biológicas (IB). A Reitoria da instituição, por outro lado, não acolheu em demiti-lo.
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Em 2023, a coordenação do PAD também chegou a sugerir o afastamento do professor, mas a reitora da UnB, Márcia Abrahão Moura, decidiu apenas afastá-lo apenas da direção do IB e “sem prejuízo da remuneração”. Ela argumentou, em documento, que seu objetivo era “evitar prejuízos aos estudantes.
Segundo a Agência Pública, a defesa de Santana contestou as denúncias, mas não negou diretamente os beijos.
Suspensão
Jaime Santana foi suspenso da UnB por um período de de 20 de setembro a 4 de outubro de 2023, quando retornou às atividades na UnB. O professor ficou um período de 15 dias sem receber salário. Na época, a reitora da UnB era Márcia Abrahão Moura.
As vítimas, de acordo com as denúncias, relataram que o professor teria beijado uma das meninas e sem consentimento.
“Sem meu consentimento, ele me beijou, passando sua língua na minha boca. Na hora eu fiquei sem ação, muito constrangida. Eu reforcei que não queria nada com ele, e disse que precisava ir embora e o deixei”, disse uma das docentes no PAD.
Revolta
Nas redes sociais, o caso causou revolta entre os internautas. Uma mulher criticou a atuação da reitoria da UnB sobre as acusações e a aplicação da suspensão.
“Uma reitora decide não aplicar rigor na punição de um caso de assédio. Enquanto nós mulheres não considerarmos que nosso corpo e bem-estar são mais importantes do que os cargos dos homens, seguiremos sendo alvo de abusadores”, escreveu.
Uma outra pessoa questiona: “Se ele faz isso com as colegas de trabalho, o que não faria com as alunas?”.
Outro lado
A reportagem do portal O Manaós entrou em contato com a Universidade de Brasíla e com o professor Jaime Santana, por e-mail, e solicitou um posicionamento sobre as acusações contra o educador. Até a publicação, sem retorno de ambas as partes.
Por: Bruno Pacheco
Ilustração: Marcus Reis
Revisão jurídica: Letícia Barbosa