O vereador Joel Barroso (PSB), reeleito presidente da Câmara Municipal de Santa Quitéria, assumiu interinamente a Prefeitura do Município nesta quarta-feira (1º). A posse emergencial ocorreu após a prisão de seu pai, José Braga Barroso, conhecido como Braguinha, que seria empossado para um segundo mandato consecutivo como prefeito.
Braguinha foi detido momentos antes da cerimônia de posse em decorrência de um processo judicial que investiga seu suposto envolvimento com a facção criminosa Comando Vermelho (CV) durante a campanha eleitoral de 2024. O Ministério Público pediu a cassação da chapa composta por ele e pelo vice eleito, Gardel Padeiro (PP), além da inelegibilidade de ambos por oito anos.
Diante da impossibilidade da posse do titular e do vice, a Câmara Municipal seguiu o rito de sucessão legal. “Tendo em vista a decisão oriunda da Justiça Eleitoral do Ceará, que cautelarmente afastou o prefeito e o vice-prefeito eleitos, impedindo o exercício do mandato eletivo, ei por bem dar seguimento ao rito de sucessão legal para ocupação do cargo de prefeito da cidade de Santa Quitéria”, declarou a vereadora Emanuela Barbosa, que presidiu a sessão de posse do gestor interino.
A cerimônia precisou ser adaptada devido às circunstâncias inusitadas. Durante a transmissão, disponível nas redes sociais da Câmara Municipal, foram observadas imprecisões no rito de sucessão. Em determinado momento, a sessão chegou a ser encerrada antes da realização do juramento do prefeito interino, sendo reaberta logo em seguida para correção do equívoco.
Prisão e investigação
Segundo o colunista Inácio Aguiar, do Diário do Nordeste, a prisão de Braguinha está diretamente ligada às investigações sobre sua suposta conexão com a facção Comando Vermelho. A apuração aponta que o prefeito teria se beneficiado do apoio de membros da organização criminosa durante o pleito eleitoral, com relatos de ameaças e coações a eleitores do candidato adversário, Tomás Figueiredo (MDB).
Há ainda indícios de que servidores da prefeitura teriam cedido um veículo de luxo a Anastácio Paiva Pereira, conhecido como Doze ou Paizão, apontado como chefe da facção na região. A investigação busca esclarecer se a entrega do automóvel foi parte de um acordo político-criminoso.
Braguinha negou todas as acusações e, por meio de nota, afirmou que desconhecia qualquer envolvimento de membros da prefeitura na transação mencionada. Ele ressaltou que os servidores suspeitos foram exonerados no último dia 20 de dezembro.