Faleceu nesta terça-feira (13), aos 89 anos, o ex-presidente do Uruguai José Mujica, uma das figuras políticas mais emblemáticas da América Latina nas últimas décadas. A morte foi confirmada pelo atual presidente uruguaio, Yamandú Orsi, em publicação nas redes sociais.
Conhecido por seu estilo de vida simples, pela linguagem direta e pelas posições firmes em defesa da justiça social, Mujica ganhou projeção internacional ao ser chamado de “o presidente mais pobre do mundo”. Durante seu mandato, entre 2010 e 2015, recusou o luxo do cargo e continuou morando em sua modesta chácara nos arredores de Montevidéu, de onde dirigia um fusca azul, símbolo de sua trajetória austera.
Ex-guerrilheiro do grupo tupamaro, Mujica passou mais de uma década preso durante a ditadura militar uruguaia (1973–1985), boa parte dela em condições severas. Após ser libertado com a redemocratização, entrou para a política institucional e se tornou um dos principais nomes da coalizão de esquerda Frente Ampla.
Durante sua gestão como presidente, liderou reformas progressistas que colocaram o Uruguai no centro do debate global, como a legalização da maconha, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e o avanço nas políticas de inclusão social. Sua retórica contra o consumismo e a desigualdade, além de sua presença carismática, renderam-lhe admiração muito além das fronteiras do país.
Em 2012, em entrevista à BBC Mundo, Mujica declarou: “Da política vou sair com os pés na frente”, indicando que pretendia se dedicar à vida pública até o fim da vida. Na ocasião, ofereceu whisky aos jornalistas em sua casa e conduziu uma conversa informal que refletia sua personalidade: simples, irreverente e profundamente política.
Com a morte de Mujica, a América Latina se despede de um líder que marcou época pela coerência entre discurso e prática, e que inspirou uma geração com seu compromisso com a democracia, os direitos humanos e a justiça social.
