O encerramento da disputa judicial entre a J&F Investimentos, dos irmãos Batista, e a Paper Excellence, do indonésio Jackson Wijaya, pelo controle da Eldorado Brasil Celulose envolveu mais do que negociações empresariais: contou também com a articulação de figuras políticas de peso. Segundo apuração de bastidores, o ex-presidente Michel Temer e o ex-governador João Doria atuaram como interlocutores influentes em favor da J&F durante o processo.
A disputa, que se arrastava há anos, chegou ao fim com um acordo no valor de R$ 15 bilhões — o equivalente a cerca de US$ 2,7 bilhões — pago pela J&F à Paper Excellence pela fatia de 40% que a companhia asiática detinha na Eldorado. A operação representa uma vitória estratégica para o grupo dos irmãos Batista, que agora retoma o controle integral da produtora de celulose.
Apesar da magnitude do acordo, a formalização será marcada por um protocolo incomum: os controladores das empresas não irão se encontrar nem trocar cumprimentos. A assinatura será realizada no BTG Pactual, banco que atuou como intermediário e assessor da Paper Excellence, além de manter relações próximas com a J&F. O valor será depositado em uma conta escrow, mecanismo que oferece segurança jurídica à transação.
As negociações se estenderam por mais de um ano e contaram com forte influência de intermediários políticos e financeiros. O apoio de Temer e Doria teria sido decisivo para destravar pontos sensíveis do acordo, segundo fontes próximas às tratativas. A Paper, que havia adquirido a participação na Eldorado por R$ 3,7 bilhões, obteve lucro expressivo com a venda.
A conclusão do negócio encerra uma das mais complexas disputas societárias do setor de celulose no Brasil e marca a consolidação da J&F no comando da Eldorado.