sábado, maio 24, 2025
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Alta do IOF e críticas internas desgastam a imagem de Haddad

A medida, que incide sobre operações de crédito, câmbio e seguro, provocou forte reação negativa nas redes sociais

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, enfrenta crescente desgaste político e social após o anúncio das medidas que elevam alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A medida, que incide sobre operações de crédito, câmbio e seguro, provocou forte reação negativa nas redes sociais e entre setores econômicos, reacendendo o apelido pejorativo de “Taxad”, atribuído ao ministro desde o início do governo.

O termo ganhou força especialmente após iniciativas como a taxação de offshores, fundos exclusivos — os chamados “super-ricos” — e encomendas internacionais, popularmente conhecidas como “blusinhas”. Agora, com o aumento do IOF, a crítica se amplia para a classe média, que será diretamente impactada em viagens ao exterior, além de grandes investidores, empresas e microempreendedores individuais (MEIs).

Foco na arrecadação reacende críticas

Analistas avaliam que o governo perdeu uma oportunidade de destacar a recente contenção de despesas de R$ 31,3 bilhões, ao optar por anunciar simultaneamente mais uma medida arrecadatória. O próprio presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, admitiu que o objetivo central da elevação do IOF é perseguir a meta de déficit fiscal zero em 2025.

Inicialmente, a equipe econômica projetava arrecadar R$ 20,5 bilhões com as mudanças no IOF, mas, após a repercussão negativa e críticas internas, parte do aumento foi revertida na noite da última quinta-feira (22/5).

“Mais uma vez, vemos o governo buscando arrecadar sem mexer nos fundamentos. Aumentar o IOF significa elevar custos operacionais, especialmente para empresas que dependem de crédito rotativo e financiamento”, analisou Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio.

Na visão do executivo, o governo deveria priorizar a redução de custos estruturais, incentivar a eficiência na gestão pública e fortalecer o compliance fiscal, como alternativas sustentáveis de equilíbrio entre arrecadação e competitividade empresarial.

Especialistas alertam para efeito regressivo

Júlio César Soares, especialista em direito tributário e sócio da Advocacia Dias de Souza, também criticou a medida, classificando-a como mais um exemplo da “velha lógica arrecadatória” disfarçada sob o discurso de neutralidade e isonomia fiscal.

O Ministério da Fazenda, por sua vez, defendeu a mudança, afirmando que ela corrige distorções históricas, promovendo igualdade nas alíquotas entre pessoas físicas e jurídicas. Porém, especialistas alertam que a equiparação desconsidera as diferenças essenciais de risco e finalidade entre esses dois grupos.

Além disso, há preocupação com o viés regressivo das alterações, que tendem a afetar de maneira proporcionalmente mais severa as pequenas e médias empresas, especialmente aquelas enquadradas no Simples Nacional.

Para operações de crédito para empresas em geral e para as do Simples Nacional, a alíquota fixa do IOF foi elevada de 0,38% para 0,95%, com pequenas variações na taxa diária. No caso dos MEIs, a alíquota de 0,38% foi mantida, seguindo a regra aplicada às pessoas físicas.

Fogo amigo no Planalto

Além das críticas da oposição, Haddad também tem enfrentado resistência dentro do próprio governo. Integrantes do Planalto avaliam que o ministro falhou na comunicação da medida e expôs desnecessariamente a imagem da gestão Lula, já pressionada por questões fiscais e pela necessidade de aprovar pautas econômicas no Congresso.

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