domingo, novembro 24, 2024

Política – “De lágrima já não basta a do povo?” – Reverendo chora e admite culpa em negociação de vacinas durante CPI da Pandemia.

Nesta última terça-feira (3), durante a volta de sessões da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, o reverendo Amilton Gomes de Paula, apontado como intermediador das negociações de vacinas entre o governo federal e a Davati Medical Supply, chorou e pediu desculpas aos brasileiros pela atuação na pandemia.

O depoimento do reverendo, responsável por negociar 400 milhões de doses de vacina, foi marcado por muitas contradições.

“Eu creio que o maior erro que fiz foi abrir as portas da minha casa aqui em Brasília. Sou de Brasília. Eu abri a porta da minha casa num momento que eu estava enfrentando a perda de um ente querido da minha família. E eu queria vacina para o Brasil”, disse o reverendo que, em seguida, chorou.

Em seguida, Amilton pediu “desculpas ao Brasil”.

“Eu tenho culpa sim. Eu hoje de madrugada, antes de vir pra cá, eu dobrei os meus joelhos, orei, e aí peço desculpa ao Brasil. E o que eu cometi não agradou, primeiramente, aos olhos de Deus”, completou.

Relação com o governo

Mesmo diante do pedido de desculpas, o reverendo continuou negando a relação com o governo, bem como ter tido ajuda política para entrar no Ministério da Saúde para negociar vacinas.

Disse, ainda, desconhecer e não ter se encontrado com o ex-diretor de Logística Roberto Dias, informação que diverge da mensagem resgatada do celular do policial militar Luiz Paulo Dominghetti.

Duras críticas

O senador de oposição Jean Paul Prates (PT-RN) fez um duro pronunciamento contra a atuação do reverendo e reforçou que o intuito e a fundação que ele dirige era o de “enganar”.

“É estelionato puro. Nós estamos diante de falsários e estelionatários que tentam enganar incautos na administração pública e ou beneficiar espertos e oportunistas”, disse o senador.

O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), questionou ao reverendo do que ele se arrependia. Em uma breve resposta, Amilton afirmou: “[Me arrependo] de ter estado nessa operação das vacinas”.

Também dentre os que criticaram veemente a atuação do reverendo, está o senador Marcos Rogério (DEM-RO), um dos integrantes da tropa de choque do governo na CPI. Durante o discurso, Rogério afirmou não saber se Amilton Gomes “foi enganado ou se é parte de uma tríade de golpistas”.

“Não me lembro”

Durante o depoimento, Amilton disse mais de 20 vezes não se lembrar de determinadas situações que foram tema de perguntas de senadores.

Entre outras situações, ele disse não se lembrar:

  • das pessoas que participaram com ele de uma reunião no Ministério da Saúde;
  • do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias;
  • de ter tirado fotos com integrantes do governo;
  • de mensagens trocadas com o policial militar Luiz Paulo Dominghetti.

  • Fonte: Correio / G1.
  • Foto: Divulgação.
  • Vídeo: Divulgação.

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