Tanques e outros veículos blindados da Marinha deixaram, nesta terça-feira (10), o Grupamento de Fuzileiros Navais de Brasília, em direção à Esplanada dos Ministérios, para entregar um convite de um exercício militar ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Por volta das 8h, os blindados passaram pela via L4 Norte e chegaram à Esplanada cerca de 30 minutos depois. Às 8h30, os veículos circularam em frente ao Palácio do Planalto para a solenidade.
A exibição ocorre no mesmo dia em que está prevista, na Câmara dos Deputados, a análise da PEC que prevê a adoção do voto impresso, julgado como inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
No início da manhã, a Polícia Militar informou que não havia interdições previstas no Eixo Monumental. No trajeto, no entanto, uma faixa da via N1, no sentido Rodoviário do Plano Piloto, foi bloqueada para passagem do comboio. A pista foi liberada às 9h.
Em seguida, os militares estacionaram os carros em frente ao Ministério da Defesa. De acordo com a Marinha, 14 veículos do comboio ficarão em frente à pasta para “valorizar e apresentar à sociedade brasileira o aprestamento dos meios operativos”.
Operação
A operação, segundo a Marinha, conta com 2,5 mil militares. Ao todo, são 150 veículos, como aeronaves, carros de combate, veículos blindados e anfíbios, artilharia e lançadores de mísseis e foguetes. Foram 1,5 mil toneladas de equipamentos transportados do Rio de Janeiro para Brasília.
Ainda segundo a Marinha, o objetivo da exibição é convidar Bolsonaro a participar de um treinamento de militares das três forças (mais Exército e Aeronáutica) no próximo dia 16 de agosto, em Formosa (GO). Os tanques saíram em comboio do Rio de Janeiro em direção à Brasília.
Repercussão
Autoridades, como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), comentaram a exibição. De acordo com ele, o episódio é uma “trágica coincidência” e que a votação pode ser adiada “se os deputados quiserem e a população achar que é conveniente”. Deputados e senadores interpretaram o ato como provocação e tentativa de intimidação.
A assessoria do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) informou que ele e a deputada Tabata Amaral (sem partido-SP) entraram com uma ação na Justiça a fim de proibir a exibição militar.
“É um absurdo gastar recursos públicos em uma exibição vazia de poderio militar. As Forças Armadas, instituições de Estado, não precisam disso. Os brasileiros, sofrendo com as consequências da pandemia, também não precisam. O Brasil não é um brinquedo à disposição de lunáticos”, afirmou Alessandro Vieira em nota divulgada pela assessoria.
Vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM) afirmou em uma rede social não querer crer que a exibição militar seja uma “tentativa de intimidação” por parte de Bolsonaro.
“Sobre essa história de tanques nas ruas, não quero crer que isso seja uma tentativa de intimidação da Câmara dos Deputados mas, se for, aprenderão a lição de que um Parlamento independente e ciente das suas responsabilidades constitucionais é mais forte que tanques nas ruas”, escreveu.
Em rede social, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que “colocar tanques na rua” é demonstração de “covardia”. “Os tanques não são seus, pertencem à Nação. Quer tentar golpe sr. @jairbolsonaro? É o crime que falta para lhe colocarmos na cadeia”, publicou.
- Fonte: UOL / G1.
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