domingo, novembro 24, 2024

Brasil – Federação dos Jornalistas vai denunciar Leo Dias por expor dados sobre estupro e gravidez de Klara Castanho

A Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) fez uma denúncia contra o jornalista Leo Dias, do site Metrópoles, após a divulgação de informações sigilosas sobre o estupro e gravidez da atriz Klara Castanho, de 21 anos.

A denúncia será encaminhada ao SJPDF (Conselho de Ética do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal), segundo a nota oficial publicada na segunda-feira, 27, pela Fenaj.

“São fortes as evidências de que o colunista feriu o Código de Ética do Jornalista Brasileiro. Pela gravidade do caso, a diretoria executiva e a Comissão de Mulheres da Fenaj vão encaminhar denúncia contra o jornalista à Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, que deverá apurar o caso”, diz o texto.

A Federação não listou quais são as possíveis punições aos jornalistas que não seguem o código de ética. Splash entrou em contato com a Fenaj para apurar detalhes sobre o caso, mas ainda não obteve retorno.

A Comissão de Ética dos Meios de Comunicação da Associação Brasileira de Imprensa emitiu hoje um comunicado condenando a “exploração de vítimas de violência sexual” por jornalistas e veículos de comunicação. A nota adverte especificamente Leo Dias.

O Metrópoles voltou a se manifestar em nota oficial após publicar detalhes sobre o caso envolvendo Klara Castanho. O portal confirmou que o colunista não será demitido.

Confira a nota da Fenaj na íntegra:

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), por meio da sua Comissão Nacional de Mulheres, vem a público solidarizar-se com a atriz Klara Castanho, que teve uma situação pessoal exposta pela mídia, resultando em ataques pessoais aos quais teve de se defender com uma carta aberta em seu perfil no Instagram.

A atriz engravidou após um estupro e encaminhou a criança para adoção, cumprindo os trâmites legais. A situação, de caráter absolutamente particular e sigilosa, foi exposta pelo colunista do site Metrópoles, Leo Dias, no fim de semana.

Após a repercussão negativa, o link foi retirado do site. Mas a divulgação já havia desencadeado uma onda de ódio nas redes sociais, com novos ataques à honra da atriz, causando sua revitimização num já doloroso momento pessoal.

São fortes as evidências de que o colunista feriu o Código de Ética do Jornalista Brasileiro. Pela gravidade do caso, a Diretoria Executiva e a Comissão de Mulheres da Fenaj vão encaminhar denúncia contra o jornalista à Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, que deverá apurar o caso, dando amplo direito de defesa ao profissional.

O caso serve para reafirmar a luta encabeçada pela Fenaj e Sindicatos de Jornalistas filiados pela criação do Conselho Federal de Jornalistas (CFJ), uma forma de garantir uma profissão digna, com um contrato público e ético com a sociedade. Temos lutado pelo Conselho Federal dos Jornalistas para que as próprias entidades sindicais possam controlar a emissão de registros profissionais e promover a cultura do respeito ao Código de Ética, por meio da fiscalização.

Abuso, gravidez e exposição de Klara Castanho

A história teve início após a apresentadora Antonia Fontenelle dizer em uma live que “uma atriz global de 21 anos teria engravidado e entregado a criança para adoção”. “Ela não quis olhar para o rosto da criança”, afirmou Fontenelle.

Embora não tenha citado nominalmente Klara Castanho, os internautas imediatamente associaram a versão contada por Antonia à atriz. Após a declaração de Fontenelle repercutir, dezenas de internautas criticaram Klara Castanho e apontaram “falta de responsabilidade” da artista. Mesmo sem terem certeza do que aconteceu, a atriz foi julgada e atacada.

Em carta aberta publicada no Instagram, Klara relatou que foi estuprada e engravidou, mesmo tendo tomado pílula do dia seguinte. Classificado por ela como “o relato mais difícil da vida”, a artista explicou que não queria tornar o assunto público, mas já que a adoção foi exposta, resolveu se pronunciar.

“Não posso silenciar ao ver pessoas conspirando e criando versões sobre uma violência repulsiva e de um trauma que eu sofri. Eu fui estuprada”, Klara Castanho.

Klara não reportou a violência sexual à polícia por sentir “vergonha e culpa”. Ao dar prosseguimento ao relato, a atriz destaca que descobriu a gravidez ao passar mal e procurar um médico.

Incapaz de criar um filho fruto de um estupro, Klara Castanho optou pela doação do bebê que gerou e fez todos os procedimentos legais. Entretanto, quando teve a criança, teria sido ameaçada por uma enfermeira, que quis levar o caso a público por meio da imprensa.

Ela diz ainda que não demorou para que jornalistas passassem a procurá-la, ainda no hospital, para questionar sobre a gravidez e a adoção, mas, ao explicar-lhes que o filho foi fruto de uma violência, os repórteres se comprometeram em não publicar matéria a respeito. Até que o assunto ganhou força no Twitter neste último sábado (25), após o colunista do jornal Metrópoles, Leo Dias, detalhar o caso em uma matéria. Tanto o jornalista, quanto o jornal, pediram desculpas.

Diversos famosos se solidarizaram com Klara após o ocorrido, entre eles as atrizes Juliana Paes e Flavia Alessandra, as cantoras Jojo Toddynho e Luisa Sonza e as apresentadoras Ana Maria Braga e Sonia Abrão.


*Revista Cenarium

  • Foto: Divulgação

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