O presidente russo Vladimir Putin reeditou um decreto da era stalinista nesta semana, do qual premia as mães russas, que tiverem seu décimo filho, com medalha e ajuda financeira equivalente a US$ 16.500.
A meta do programa “Mãe Heroína” é encorajar a população a ter famílias numerosas e, com isso, combater o declínio da taxa de natalidade no país, que certamente terá reflexos com a guerra que ele promove na Ucrânia.
No comando da Rússia há 22 anos e com chances de ficar no cargo até 2036, o presidente é obcecado por obter o crescimento demográfico também como uma forma nostálgica de reforçar o poder nos moldes do império russo.
O país vem registrando perda populacional em ritmo acelerado desde a década de 1990, quando a União Soviética colapsou.
A transição para o modelo capitalista, há 30 anos, veio acompanhada de crise econômica, desemprego e alcoolismo.
Além da queda da taxa de natalidade e o crescimento da mortalidade, a imigração caiu e o êxodo de russos para outros países aumentou.
A taxa de fertilidade — 1,58 nascimentos por mulher — é atualmente uma das mais baixas do mundo. E a população envelheceu, com idade média de 40,3 anos.
Ao assumir, Putin promoveu uma campanha sistemática para promover a natalidade e evitar a redução populacional, que registrou, entre 1993 e 2008, queda de 148,3 milhões para 143,2 milhões de russos.
A partir de 2018, o governo passou a subsidiar parte dos juros das hipotecas para as famílias com mais de dois filhos e ofereceu uma espécie de bolsa anual para quem tivesse o primeiro filho. Em contrapartida, a propaganda antiaborto ganhou força no país.
De acordo com o decreto assinado esta semana, a mãe com dez filhos será condecorada com medalha e dinheiro, nos mesmos moldes de reconhecimento de heróis russos por serviços à pátria.
A prole precisa estar viva e bem cuidada, embora o governo admita exceções para os mortos em serviço militar ou ataques terroristas.
O incentivo financeiro é 150% maior do que o salário médio anual, mas Putin enfrenta outra guerra: persuadir as mães russas a procriarem.
Da Redação com informações do G1
Foto: Reprodução | Capa: Neto Ribeiro