sexta-feira, novembro 22, 2024

Política – Casos de violência entre eleitores aumentam nas vésperas das eleições

Em meio a uma polarização política, os casos de violência entre eleitores aumentam no País. A escolha partidária entre os candidatos à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) tem aflorado os ânimos de eleitores. Especialistas apontam que, além da polarização entre candidatos, o Brasil possui uma “cultura política ainda muito imatura”.

A pesquisa “Violência e Democracia: panorama brasileiro pré-eleições de 2022”, publicada em setembro deste ano, revelou que 67,5% dos entrevistados têm medo de ser vítima de agressões físicas por causa de suas escolhas. O cientista político, André Rosa, afirma que o problema perpassa pela falta de maturidade política, no Brasil, e a violência, que segundo ele, não está ligado à polarização.

“A democracia do Brasil é muito jovem. Passamos por uma ditadura militar há poucas décadas e, nesse sentido, eu vejo como uma falta de cultura política ou uma cultura política ainda muito imatura, tendo em vista que em países onde se tem uma cultura política mais bem consolidada é natural que se tenha debates, mesmo que acalorados, mas que não cause tanta violência como acontece nos países sul-americanos”, aponta o cientista político.

Ele comenta que a questão perpassa por todo um contexto sócio-histórico que vem desde os primeiros anos de escola, em que a política não é abordada. É uma questão que vai desde a nossa educação política na escola que desenvolve adultos que, hoje, não conseguem discutir política sem ir para as vias de fato. O problema central é a cultura política que não é madura o suficiente no Brasil”, disse o especialista.

Para o cientista político Rócio Barreto, o discurso de ódio do atual presidente em relação às eleições agrava o clima entre os eleitores, principalmente, para os apoiadores. O especialista relembrou o discurso de Jair Bolsonaro, que em 1° de setembro de 2018 afirmou: “vamos fuzilar a petralhada”, em um evento de campanha em Rio Branco (AC).

“Esse ano, as eleições estão polarizadas, no sentido que o próprio presidente da República, talvez de forma involuntária, incentiva esse tipo de violência quando ele diz, na televisão, sobre metralhar toda a petralhada. Então, um chefe de governo falar isso a gente entende que é uma provocação e um estímulo à sociedade que trabalha do lado dele a cometer tais tipos de situações”, analisou.

Ele avalia, ainda, que os próximos dias podem ser de registros de violências políticas pelo Brasil. “A tendência é piorar nesta semana das eleições, e até mesmo no dia das eleições pode haver situações mais complicadas”, disse.

Eleitores x Agressão

Ainda na pesquisa “Violência e Democracia: panorama brasileiro pré-eleições de 2022 – Percepções sobre medo de Violência, Autoritarismo e Democracia”, 67,5% dos entrevistados têm muito medo (49,9%) um pouco de medo e (17,6%) de ser vítima de agressões físicas em razão de escolhas políticas ou partidárias. Apenas 32,5% dos ouvidos não temem ser atingidos pela violência no pleito deste ano.

A amostra indica que 113,4 milhões de brasileiros têm medo de sofrerem agressões físicas. Ao mesmo tempo, a pesquisa verificou que 3,2% dos brasileiros disseram ter sido vítimas de ameaças por razões políticas e 0,8% de violência física.

O estudo é uma iniciativa da Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS), em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), com apoio do Fundo Canadá para Iniciativas Locais (FCIL).

A pesquisa é uma parceria entre a Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), que tem por base dados coletados pelo Datafolha por meio de uma amostra de 2.100 pessoas entrevistadas entre os dias 3 e 13 de agosto de 2022 e avança em relação ao que tem sido debatido no espaço público sobre democracia, direitos e autoritarismo.


  • Fonte: Cenarium
  • Foto: Divulgação

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