O estudo “Precisão do Teste de Neutralização por Redução de Placa (PRNT) e avaliação da resposta imunológica humoral ao SARS-CoV-2”, desenvolvido por pesquisadores de Bio-Manguinhos e de outras unidades da Fiocruz, foi publicado no periódico Diseases no dia 18 de janeiro.
O objetivo principal do estudo foi otimizar e validar um ensaio sorológico padrão ouro (Teste de Neutralização por Redução de Plaques – PRNT) para a determinação dos níveis de anticorpos capazes de neutralizar o vírus da covid-19.
Este trabalho faz parte da tese de doutorado da colaboradora Ingrid Siciliano Horbach, vinculada ao programa de pós graduação em Medicina Tropical-IOC, sob orientação dos doutores Ivanildo Pedro de Sousa Júnior, do Laboratório de Parasitologia e Virologia Molecular do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), e Sheila Lima, coordenadora do Departamento de Desenvolvimento Experimental e Pré-Clínico (Dedep) e foi desenvolvido na plataforma de soroneutralização, coordenada pela Adriana Azevedo, do Laboratório de Análise Imunomolecular de Bio-Manguinhos/Fiocruz sob a gestão da Waleska Schwarcz (Lanim/Dedep).
Ingrid explica como o trabalho ajuda a monitorar a proteção imunológica e subsidiar políticas de vigilância aplicadas a estudos epidemiológicos de covid-19.
“Indivíduos infectados naturalmente ou vacinados para covid-19 desenvolvem anticorpos contra o vírus. Com o passar do tempo, os níveis desses anticorpos sofrem um decaimento. O ensaio de PRNT é capaz de mensurar essa redução e auxiliar no monitoramento da resposta imunológica da população e, com isso, embasar a tomada de decisão em relação ao momento da administração de doses de reforço vacinal como também na necessidade do desenvolvimento de vacinas contendo possíveis variantes que venham a surgir”.
Durante a validação, as amostras de soro positivas para SARS-CoV-2 foram misturadas com amostras de dengue, zika, febre amarela e sarampo.
Ingrid destaca que esse ensaio teve como objetivo verificar se a presença de anticorpos contra outros vírus interferiria na quantificação dos anticorpos para o vírus SARS-CoV-2, uma vez que estes também são vírus circulantes no Brasil. “Nosso ensaio demonstrou não haver reação cruzada com os anticorpos contra esses vírus”, relatou.
Ao todo, foram testadas 40 amostras de soro coletadas de indivíduos saudáveis antes da pandemia de covid-19.
Essas amostras não apresentaram anticorpos neutralizantes utilizando-se o ensaio de PRNT. Em paralelo, foram analisadas 160 amostras coletadas antes do início da vacinação para covid-19 e 85 amostras coletadas 30 dias após a vacinação com duas doses da vacina ChAdOx1-S/nCoV-19 (AstraZeneca).
“Observamos um aumento de duas vezes na média de anticorpos neutralizantes após as duas doses, mostrando a importância da vacinação mesmo em pessoas que já tiveram covid-19”, elucidou.
A pesquisadora comentou, ainda, que o teste de PRNT foi desenvolvido para detectar anticorpos neutralizantes contra cepa de Wuhan. No entanto, demonstrou ser capaz de detectar também anticorpos contra suas variantes como a Ômicron.
“Além disso, os níveis de anticorpos neutralizantes foram notavelmente mais elevados nos casos graves do que nos casos leves. Também fizemos comparações entre os sexos, mas a diferença observada não foi significativa”, frisou.
Ingrid explicou como foi trabalhar com o grupo envolvido na pesquisa. “O trabalho de bancada (experimental) foi realizado pela equipe do Lanim, nas instalações do laboratório NB3 do Pavilhão Hélio e Peggy Pereira (HPP) do IOC/Fiocruz.
O recrutamento e coleta das amostras foram realizadas em parceria com o Laboratório de Tecnologia Imunológica (Latim) de Bio-Manguinhos chefiado pela Ana Paula Ano Bom, com o Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (HUCAM-UFES/EBSERH) e com o Grupo Integrado de Pesquisa em Biomarcadores, Instituto René Rachou (Fiocruz Minas), liderado por Olindo Assis.
O protocolo de validação e suas análises foram feitos em conjunto com Victor de Oliveira Silva Ferreira, gestor do Departamento de Metrologia e Validação (Demev)”.
Fonte: Fiocruz
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