quinta-feira, novembro 21, 2024

Internações de bebês por problemas respiratórios bateram recorde em 2023

O levantamento informa que o SUS desembolsou R$ 154 milhões em 2023 para tratar os bebês internados, cerca de R$ 53 milhões a mais que o ano pré-pandêmico de 2019

As internações de bebês menores de um ano por pneumonia, bronquite e bronquiolite em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) registraram um recorde em 2023, aponta levantamento realizado pelo Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância). Foram 153 mil internações no último ano, uma média de 419 por dia, o que corresponde ao aumento de 24% em relação ao ano anterior. É o maior número registrado nos últimos 15 anos.

O estudo do Observa Infância analisou taxas de internação por região e revelou uma tendência de queda até 2016. Entre 2016 e 2019, os dados variaram para mais ou menos de acordo com a região. Em 2020, primeiro ano da pandemia de Covid-19, as internações tiveram uma queda média de 340%. Já os anos seguintes foram de aumentos constantes, até alcançar o recorde da série histórica, em 2023.

Analisando individualmente as regiões, observou-se que Sul e Centro-Oeste foram as que apresentaram as maiores taxas de internação no último ano. O frio intenso e as queimadas associadas ao clima seco, respectivamente, contribuem para deixar o sistema respiratório das crianças mais vulneráveis.

O levantamento informa, ainda, que o SUS desembolsou R$ 154 milhões em 2023 para tratar os bebês internados, cerca de R$ 53 milhões a mais que o ano pré-pandêmico de 2019.

Para o pesquisador Cristiano Boccolini, coordenador do Observa Infância, as mudanças climáticas e a baixa cobertura vacinal infantil são as principais hipóteses para o aumento das internações. “A redução na vacinação contra doenças respiratórias, possivelmente devido à pandemia de Covid-19, e as condições climáticas extremas podem ter contribuído para a vulnerabilidade dos bebês a infecções respiratórias graves”, explica. “Por isso, é fundamental manter a caderneta de vacinação de bebês e crianças atualizada. Lembrando que também é importante que as gestantes estejam com as vacinas em dia, já que as mães garantem os anticorpos dos bebês nos primeiros meses de vida”.

Boccolini reforça, ainda, que a Vacina VSR (Vírus Sincicial Respiratório), já aprovada pela Anvisa, seja incorporada pelo calendário do SUS.

Os dados de internação utilizados no estudo foram obtidos no Sistema de Internações Hospitalares do SUS e os dados de nascimento foram extraídos do Sistema Nacional de Nascidos Vivos entre os anos de 2008 e 2023.

O Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância) é uma iniciativa de divulgação científica para levar ao conhecimento da sociedade dados e informações sobre a saúde de crianças de até 5 anos. As evidências científicas trabalhadas são resultado de investigações desenvolvidas pelos pesquisadores Patricia e Cristiano Boccolini no âmbito do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) e da Faculdade de Medicina de Petrópolis do Centro Universitário Arthur de Sá Earp Neto (FMP/Unifase), com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação Bill e Melinda Gates.

 

 

 

 

Fonte: Fiocruz

Foto: Reprodução / Freepik

Leia mais: Brasil deixa de ser um dos 20 países com maior número de crianças não vacinadas, diz Unicef

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