Os candidatos Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL), que disputam o segundo turno para a Prefeitura de São Paulo, participaram na noite desta segunda-feira (14) de debate organizado pela Band.
Nunes e Boulos tiveram 25 mil votos de diferença no primeiro turno. O prefeito, que concorre à reeleição, teve 1.801.139 votos (29,48% dos votos válidos), e o deputado federal, 1.776.127 votos (29,07%). Segundo a Pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira passada (10), a primeira do segundo turno, Nunes aparece na frente com 55% das intenções de voto e Boulos, com 33%.
O debate foi dividido em três blocos, na modalidade de banco de minutos e mediado pelo jornalista Eduardo Oinegue.
No primeiro bloco, cada candidato teve direito a dois minutos para responder a uma pergunta escolhida pela produção da Band, por ordem de sorteio. Na sequência, em confronto direto, cada um teve 12 minutos para administrar como achasse melhor;
No Segundo bloco, quatro jornalistas da emissora fizeram perguntas de forma intercalada, com comentário do opositor. Para a resposta e réplica, o candidato teve 3 minutos. Já o comentário foi de 1 minuto;
O terceiro começou com mais um confronto direto entre os dois candidatos, novamente com 12 minutos disponíveis para cada um;
Nas considerações finais, cada candidato teve 2 minutos para discorrer sobre os cinco temas mais pesquisados pelos eleitores durante o debate.
O candidato Guilherme Boulos foi o primeiro a responder, e afirmou que é necessário garantir “o recurso adequado para poda”. “Segundo, trabalhar com inovação, usar tecnologias disponíveis, como, por exemplo, o monitoramento via satélite da saúde das árvores para poder definir a prioridade de poda para aquelas que têm mais chance de cair. E terceiro, que eu acho que muita gente que tá nos assistindo sofreu nos últimos três dias, que é melhorar o serviço 156. Você ligava, você não conseguia falar com ninguém. Então, permitir que o pedido de poda possa ser feito também via aplicativo e com no máximo um mês de resposta.”
O Candidato à reeleição, Ricardo Nunes respondeu em seguida: “o que aconteceu na sexta-feira realmente é algo muito triste, que deixa a gente profundamente magoado” e que “o que essa empresa [Enel] tem feito com a cidade de São Paulo é inaceitável”. Ele também questionou o fato de o “governo federal, que detém a concessão, regulação e fiscalização” não ter, segundo ele, “feito nada” desde novembro do ano passado.
Nunes voltou a citar que o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira estava tratando da renovação do contrato com a Enel na Europa. “Por que o ministro dele na sexta-feira, que nós tivemos um problema aqui, estava lá na Europa junto com a Enel, [tratando da] renovação de contrato? Por que o governo federal não fez a rescisão do contrato?”, questionou.
No fim do segundo bloco, os dois candidatos trocaram acusações. Boulos questionou a investigação da Polícia Federal na gestão municipal sobre a chamada “máfia das creches”. E o prefeito, quis saber sobre a investigação da rachadinha do deputado Alessandro Janones (Avante), em que Boulos foi o relator na Câmara dos Deputados.
“Você fez o que como deputado? Só fez passar pano na rachadinha do Janones e passar pano na Enel. Aí não dá”, afirmou Nunes.
“Eu nunca fiz rachadinha. Você fez a rachadinha das creches. Queria te fazer uma pergunta. Você sabe que está sendo investigada pela Polícia Federal a máfia das creches, você está lá. Existe a acusação que você teria recebido um cheque. Então quero fazer essa pergunta para você responder quem está em São Paulo. Você recebeu o cheque na sua conta no Santander como consta a acusação da Polícia Federal?”, perguntou Boulos.
Boulos mencionou reportagem do UOL que mostra que o ex-cunhado de Marcola, líder da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), é chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb).
“Além da resposta de por que você indicou o cunhado do Marcola para Secretaria de Obras, você tem uma resposta pendente: se você aceita ou não abrir o seu sigilo bancário”, perguntou o deputado.
“Meu sigilo bancário já é aberto, está aberto, está à disposição. Eu não tenho nenhuma investigação, nunca fui condenado. Nunca fugi da Justiça igual você. Você ficou seis anos fugindo do oficial de Justiça naquela ação de depredação do Pinheirinho, jogou pedra na viatura. Foi preso. O oficial de Justiça não o achava, e aí prescreveu”, afirmou Nunes.
Apesar da troca de farpas, algum tempo depois o prefeito tossiu, ao finalizar a fala, e Boulos se aproximou. “Você está bem?”, perguntou Nunes, e os dois se abraçaram, rindo. “Eu estou bem, e você?”, disse o deputado.
Ao fim do debate, Boulos disse, sobre o abraço, que “ele [Nunes] ficou meio tenso com a aproximação, ele é meio inseguro. No intervalo, a campanha dele quis falar a respeito, mas estava nas regras. Acho que ele ficou assustado, é um prefeito assustado”.
Já Nunes disse que o psolista “usou de uma tática de querer intimidar, mas eu vim do Parque Santo Antônio, não vou me intimidar. Achei bacana o formato [do debate]. Eu faço questão de ser respeitoso, eu o cumprimentei antes, cumprimentei depois. Acho legal termos discordâncias democráticas”.
O primeiro a falar no momento das considerações finais foi Nunes.
“Muito obrigado a você que nos acompanhou até esse momento. A agradecer ao deputado Guilherme Boulos e à plateia que me acompanha, à plateia que acompanha o Guilherme Boulos, à Bandeirantes. Nós estamos próximo da decisão do futuro da cidade, de quem vai governar São Paulo pelos próximos quatro anos. Acho que aqui ficou muito claro quem tem experiência e quem é inexperiente, quem tem equilíbrio e quem é extremista. Quem zela pela ordem e quem é a favor da desordem na questão da segurança, por exemplo.”
“Tem um que é contra a Operação Delegada, já teve artigos do partido dele falando com relação a acabar com a Polícia Militar. Eu sou a favor de uma polícia armada, por isso coloquei 2.000 guardas-civis metropolitanos a mais e vou colocar mais 2.000 no meu próximo mandato. A minha parceria com o governador Tarcísio, essa união é fundamental para avançar na Segurança, avançar na Habitação e é por isso que eu estou fazendo maior programa habitacional da história da cidade.”
“Até o final do ano, 72 mil unidades entre as entregues, as em obras e já contratadas. Hoje nós já temos o Domingão Tarifa Zero, domingo não pagam passagem. A faixa azul, para salvar a vida de motociclistas. Eu vou fazer mais 200 km de faixa azul. Todas as ações que a gente está fazendo, alegria de ter, por exemplo, vaga de creche para todas as crianças. E a gente vai ampliar agora o ensino em período integral. Eu cuidei da saúde financeira, eu fui presidente de entidades, empresário, vereador por dois mandatos, relator de orçamento várias vezes, vice-prefeito e prefeito.”
“Essa experiência me permitiu fazer a gestão da cidade. Eu sei que tem muita coisa para fazer e nós vamos fazer, sabe por quê? Porque eu ajustei a saúde financeira da cidade, nós temos capacidade de investimento, nós estamos com o menor índice de desemprego desde 2015 e é essa vontade, é esse ânimo seu, meu, de fazer essa cidade avançar cada vez mais que eu peço o seu voto no 15. Pela experiência e São Paulo no caminho seguro”, Concluiu”
Posteriormente, foi a vez de Boulos: “Sabe o que eles querem, gente? Você tem medo quando eles vêm e falam ‘extremismo’, ‘radical’, ‘contra a polícia’. Eles querem que você tenha medo da mudança. Lembra que eles falavam a mesma coisa na eleição passada, do Lula? Que o Lula fosse fechar a igreja, kit gay… Aconteceu alguma coisa disso? Nada. Isso só revela o medo e o desespero de quem não consegue largar o poder porque o poder para eles representa privilégios.”
“O que está em jogo nessa eleição é o seguinte: se você acha que a saúde está tão boa como ele disse, se você concorda que vai à UBS e encontra todos os remédios, você concorda com ele? Se você acha que São Paulo merece muito mais na saúde, alguém que cuide de verdade, que olhe para você não só no tempo da eleição, eu te convido para mudança no 50 comigo e com a Marta.”
“Ele fala, fala, fala, fala de segurança, mas não respondeu se ele te aconselha a sair com o celular na rua tranquilo. Não respondeu porque sabe que não é possível porque você que vive na São Paulo real sabe que vomitar um monte de número aqui não resolve o nosso problema. Não torna a saúde melhor, não torna a cidade mais segura.”
Você que sofreu com apagão, comerciante que perdeu tudo, você que jogou tudo fora da sua geladeira sabe que a São Paulo real é diferente da propaganda do Ricardo Nunes. Por isso o que você vai decidir no dia 27 é se você quer deixar tudo como está ou você quer mudar. Você quer permitir que esse sistema podre desde o Doria permaneça, ou se você quer renovação em São Paulo. Se você quer permitir que alguém que teve a chance e não fez, só em tempo de eleição, permaneça ou se você quer uma mudança de verdade que coloque a nossa cidade onde merece. Por isso eu peço seu voto no 50 dia 27.”
Foto:Reprodução / Renato Pizzutto / Band TV
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