segunda-feira, maio 13, 2024
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Política – A perversidade política existe e está entre nós!

Quando pensei no que escreveria para o Portal O Convergente, várias ideias e temas importantes vieram à cabeça, mas ao bom som do Pink Floyd/Another Brink in the Wall, comecei a refletir sobre um sentimento que acredito ser comum entre nós eleitores, brasileiros e amazonenses. Por que as coisas não melhoram?

Para responder à pergunta acima, passei a identificar uma palavra que se encaixa perfeitamente sobre as atitudes de vários políticos ao longo da história brasileira e do Amazonas. A “Perversidade”. Palavra essa, que segundo o dicionário online, significa particularidade ou característica daquilo ou de quem é perverso; em que há malvadeza; maldade. Ato ou comportamento perverso. Gênio ou caráter ruim; tendência para o mal. Facilmente corrompido; em que há corrupção; depravação.

Não sei se irão concordar, mas quando li o significado na íntegra, eu não conseguir pensar em nenhuma outra palavra para classificar e caracterizar uma boa parte dos políticos.

Aristóteles (384 – 322 a.c) já sentenciava na Grécia Antiga, que o ser humano era cidadão quando participava, entre outras coisas, dos assuntos e nas decisões políticas da cidade. O filósofo naquele recorte histórico já manifestava uma preocupação com a organização da família e da sociedade civil, ou seja, que tipo de pessoas estariam influenciando e decidindo sobre a estrutura e organização de uma cidade?

Já Platão (427 – 347 a.c) direcionou sua preocupação sobre o que seria a compreensão ideal para a política. Para ele seria uma cidade formada por um Estado governado por sábios (ara ele os filósofos), como bem escreveu em sua obra “República”?

Mas foi com Nicolau Maquiavel (1469 – 1527), considerado por muitos como o fundador do pensamento político contemporâneo o precursor a problematizar as pessoas e os fatos “como realmente são” e não mais “como deveriam ser”, que conseguimos compreender melhor essa ideia por meio de sua frase: “O primeiro método para estimar a inteligência de um governante é olhar para os seres humanos que tem à sua volta”.

Então, partimos agora para nossa conversa sobre como Maquiavel aponta o perfil de um governante e lhe convido a associar essas informações, pensando exatamente sobre a eleição de 2022, e todos os candidatos que concorrerão à Presidência da República, Senado, Governo, Deputado Estadual e Deputado Federal.

Serão muitas as nossas escolhas para esse pleito. Então pensa comigo: Será que esses candidatos possuem a boa fé e o conhecimento necessário para atuar em exercício das necessidades da população? Lembrando que a grande questão da nossa mera reflexão, se remete a ações, boa reputação e existência de uma conduta idônea, solidária, de empatia e carisma com a pessoa humana onde privilegie o coletivo e nunca o individual.

No nosso Estado, quais dos candidatos aos cargos políticos, apresentam inteligência emocional, capacidade de escutar e se solidarizar com os problemas das pessoas humanas, dos animais e da floresta? Quais desses inúmeros candidatos possuem de fato um comportamento “moral e ético” para responder as avalanches de problema? Quantos dos candidatos homens, de fato, valorizam a família e principalmente a mulher?

Pois se falarmos de conservadorismo, é necessário que possamos primeiro compreender que se um homem é promíscuo e violento, certamente ele será um governante cruel. E isso cabe tantos as candidatas mulheres como também de outros gêneros, pois a grande questão problematizada é sobre a incapacidade dos políticos de serem bons! De terem a índole boa, de não se corromperem, e de amarem o espírito público. Falta respeito ao espírito público!

Para compreender melhor os desdobramentos e as tomadas de decisões estratégicas, muitas vezes escolhidas equivocadamente pelos políticos, a gente já consegue identificar a partir das alianças e relações estabelecidas entre eles uma dúbia ideia sobre suas propostas políticas. Então acredito ser importante trazer novamente Maquiavel que já dizia que “governar é fazer acreditar”, então com certeza, nem tudo o que nós lemos, vemos, e ouvimos é de fato a verdade sobre as verdades, pois o filosofo ainda ressalta que poucas são as pessoas que veem o que somos, mas todos veem o que aparentamos”.

Alguma coisa tem que mudar! E isso vai além de direita, esquerda, terceira via, ou seja lá o termo que ainda irão inventar. O fato é que não dá mais para a perversidade prevalecer. A arrogância, a ganância e a luxúria da grande parte da classe política estão acabando com o Brasil e principalmente com a Amazônia.

No Amazonas temos caciques concorrendo aos mais diversos cargos políticos, temos também pessoas que estão estreando no cenário político. Mas lembrem-se que a questão é o SER. Quem são de verdade essas pessoas? Quais suas intenções e o quais sentimentos reais carregam no coração?

Ainda acredito que haja condições de uma mudança, mas ela só será possível no coletivo. Só ocorrerá quando cada um de nós dermos a devida importância a política, a que espécie de classe política estamos ajudando a manter no país. O maior responsável por essa perversidade toda, infelizmente é a nossa omissão. Então, cabe a cada um de nós deixarmos de ser perversos com a nossa cidadania para podermos diminuir consideravelmente a desigualdade e injustiça do país. Sendo assim, humildemente, sem querer ser fatalista, e olhando para dentro desse mecanismo arquitetônico que mantem um projeto societário que privilegia poucos em detrimento de muitos, me atrevo a dizer. Isso está muito, mas muito distante de mudar!

 

Por Erica Lima – pesquisadora MSc., diretora do  Instituto de Consultoria em Ensino e Pesquisa do Amazonas (ICEPAM) e do Portal O Convergente


  • Fonte: Erica Lima para O Convergente
  • Capa: Neto Ribeiro

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