sexta-feira, maio 17, 2024

Grupos de pesquisa unem forças para criar Centro Sino-Brasileiro de Pesquisa e Prevenção de Doenças Infecciosas

O acordo ocorre por ocasião da primeira visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China

Um grupo de pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências (CAS, na sigla em inglês) e do Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças (CDC/China) visitou, na última semana, a Fiocruz e se reuniu com colegas da Fundação para avançar na cooperação na área de ciência e tecnologia relacionada à saúde. Na ocasião, foi criado o grupo de trabalho (GT) a fim de viabilizar a criação do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisa e Prevenção de Doenças Infecciosas (IDRPC), previsto no Memorando de Entendimento (MdE) assinado em abril deste ano em Pequim e que também previa a formação do GT. O acordo ocorre por ocasião da primeira visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China.

Liderada pelo diretor-executivo do Centro de Excelência CAS-TWAS para Doenças Infecciosas Emergentes (CEEID, na sigla em inglês), Shi Yi, a delegação do CEEID também visitou a Unidade de Apoio ao Diagnóstico da Covid-19 (Unadig/ Fiocruz), o Instituto Nacional de Infectologia (INI/Fiocruz), o Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz), o Castelo Mourisco, o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) e o Biobanco Covid-19. Nos últimos dias de visita, eles se reuniram no Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz) com pesquisadores e coordenadores de diversas unidades da Fiocruz para a formação do GT do IDRPC.

Segundo o coordenador do CDTS/Fiocruz, Carlos Morel, a visita teve o objetivo de reunir os pesquisadores e iniciar a conversa em torno das linhas de trabalho prioritárias para a viabilização do centro sino-brasileiro. As áreas que já estavam traçadas são genoma de parasitos, biologia estrutural e terapias avançadas. Nas reuniões, a ideia era ampliar o campo de cooperação e dar andamento na instalação do centro, com discussões sobre formas de financiamento e termos para mobilidade de pesquisadores, por exemplo.

“Tivemos alguns pontos que corresponderam. Agora, vamos definir esses pontos. Acredito que o projeto de genoma de parasitos e o de biologia estrutural e microscopia eletrônica criogênica com a Cenabio [Centro Nacional de Biologia Estrutural e Bioimagem//UFRJ] estão mais sedimentados”, comentou Morel sobre a parceria na área de capacitação que inclui a Universidade Federal do Rio de Janeiro, que terá o primeiro microscópio eletrônico criogênico do estado.

Nova área de interesse

Assessor especial da Presidência da Fiocruz, Rodrigo Correa acrescentou que a vantagem de trazer mais representantes de unidades da Fundação para o debate amplia a capacidade de cooperação com a China. Ele explicou, ainda, que surgiu, nas discussões, uma nova área de interesse pelos pesquisadores chineses: descoberta de vacinas e estudo de resposta imune, campo que interessa também à Fiocruz. “São áreas bastante estratégicas para a Fundação e que temos uma competência instalada muito grande”, concluiu ele.

Diretor-executivo do CEEID, Shi Yi ressaltou a troca de conhecimento que aconteceu durante o encontro com pesquisadores da Fiocruz na área de prevenção e controle de doenças infecciosas. “Apresentamos habilidades, plataformas e achados científicos que tivemos em patógenos”, afirmou ele, que visitou a Fiocruz pela última vez em 2019. “Queremos continuar a cooperação acadêmica com a Fiocruz para prevenção e controle de doenças infecciosas emergentes.” Ele acrescentou ainda outras áreas de interesse que poderão fazer parte das discussões nos grupos de trabalho, como vigilância, mecanismos de infecção e imunidade, desenvolvimento de vacinas e testes clínicos. “Esses grupos irão envolver pesquisadores brasileiros e chineses para trabalharem juntos”, afirmou.

Shi espera que a cooperação possa servir de modelo no âmbito dos Brics com relação ao enfrentamento de desafios globais, como enfrentamento de doenças infecciosas.

Cooperação com a China

Morel explicou que a colaboração com a China começou formalmente em 2017, quando uma delegação chinesa veio à Fundação. No final daquele ano, foi assinado o primeiro memorando de entendimento entre a Fiocruz e o CDC da China. Em 2018, foi assinado um segundo memorando, no Hospital de Shenzhen, com outras instituições chinesas, como a CAS. Após os acordos, uma série de atividades foram desenvolvidas na colaboração científica.

Em abril deste ano, o presidente da Fiocruz, Mario Moreira, esteve em Pequim para dar mais um passo na colaboração com a China, após um período de pandemia que dificultou o andamento das atividades. Na ocasião, foi assinado o terceiro memorando entre a Fiocruz e a China, dessa vez trazendo uma ação mais propositiva: a criação de um grupo de trabalho e do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisa e Prevenção de Doenças Infecciosas. “Esse documento coloca a colaboração em outro estágio, com a criação de um centro na China e outro no Brasil”, enfatiza Morel.

MdE 

O Centro, previsto no MdE, tem foco na prevenção e controle de pandemias e epidemias, tais como Covid-19, influenza, chikungunya, zika, dengue, febre amarela, oropouche e outras doenças infecciosas, como a tuberculose. Além disso, buscará desenvolver bens públicos de saúde global, como testes de diagnósticos rápidos, terapias, vacinas e fármacos. O MdE prevê que os laboratórios serão instalados no prédio do CDTS/Fiocruz – que está sendo construído em Manguinhos com previsão de conclusão para o final de 2024 – e no Instituto de Microbiologia da CAS. Cada sede funcionará com pesquisadores das duas instituições.


  • Fonte: Agência Fiocruz
  • Foto: Divulgação

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